O número de casos de HIV entre as pessoas com 60 anos ou mais tem crescido. Dados do Ministério da Saúde mostram que os diagnósticos positivos entre idosos aumentaram 416% em uma década, passando de 378, em 2012, para 1.951, em 2022.
O infectologista André Bon, médico do Exame, avalia que este aumento é resultado principalmente da desinformação. “Eles normalmente não acham que estão sob risco por já serem mais velhos e acabam se preocupando menos com uso de preservativo, tanto pela falta de hábito, quanto por não se preocuparem com risco de gestação”, afirma o médico, que é membro do Comitê Técnico Assessor para Terapia Antirretroviral para Adultos do Ministério da Saúde.
A infectologista Lívia Vanessa Ribeiro, do Hospital Brasília, da Dasa, destaca ainda a baixa percepção de risco, o preconceito e o tabu. “Essa combinação leva a práticas sexuais inseguras”, aponta a médica.
Confira 7 mitos e verdades sobre o HIV
“Qualquer pessoa pode se infectar com o HIV”
Verdade. Não existem grupos de risco para a infecção pelo HIV. Qualquer pessoa que faça sexo sem preservativo e não esteja fazendo uso de profilaxia pré-exposição (PrEP) pode ser infectado.
“Pessoas com HIV têm expectativa de vida muito curta”
Mito. O infectologista Bon esclarece que, com o tratamento adequado, uma pessoa com HIV pode viver tanto quanto um indivíduo sem o vírus. “O uso de antirretrovirais ajuda a manter o vírus indetectável, proporcionando uma vida longa e saudável”, afirma.
“HIV não é transmitido pelo beijo, suor e lágrimas”
Verdade. O vírus é transmitido somente por relações sexuais sem preservativo, compartilhamento de agulhas ou por transmissão vertical — de mãe para filho durante a gravidez, parto e amamentação.
“Todas as pessoas com HIV podem transmitir o vírus por relação sexual”
Mito. Pessoas vivendo com HIV em uso de antirretrovirais e com carga viral indetectável não transmitem o vírus por relação sexual.
“Carga viral indetectável representa zero risco de transmissão do HIV”
Verdade. Bon explica que após alguns meses do início da terapia antirretroviral, as pessoas vivendo com HIV apresentarão carga viral indetectável e não podem mais transmitir o vírus por relação sexual.
“O tratamento do HIV é complexo e difícil”
Mito. Atualmente o tratamento é simples, sendo realizado com dois comprimidos por dia e poucos ou nenhum efeito colateral.
“O HIV pode ser prevenido por outras formas, além da camisinha”
Verdade. A infectologista Lívia lembra que existem outras estratégias para evitar a infecção pelo HIV, que juntamente com a camisinha/preservativo fazem parte das estratégias de prevenção combinada.
Entre elas destaca-se a profilaxia pré-exposição (PrEP) e a profilaxia pós-exposição (PEP). “A PrEP consiste no uso de antirretrovirais de forma regular ou sob demanda para pessoas com risco de infecção pelo HIV, a depender da avaliação médica para cada caso”, esclarece.
A PEP, por sua vez, consiste no uso de antirretrovirais em até 72h após exposição sexual (seja ela consentida desprotegida ou violência sexual) ou acidentes por material biológico (incluindo acidentes perfuro-cortantes).
Metrópoles