
O boletim de ocorrência sobre a execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, registra que ao menos 63 disparosforam efetuados na cena do crime.
Fontes foi executado em 15 de setembro, na cidade de Praia Grande, no litoral de São Paulo.
Segundo peritos da Polícia Técnico-Científica, os criminosos utilizaram 31 cartuchos de fuzil de calibre 5,56, 17 cartuchos de fuzil de calibre 7,62 e ainda 15 cartuchos de pistola de calibre 9 mm.
Com o ex-delegado-geral, vítima do crime, foram encontrados uma arma e dois carregadores de pistola 9mm.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que os laudos periciais ainda estão em fase de elaboração.
A Justiça decretou a prisão temporária de oito suspeitos de participar do assassinato.
Pelo quatro pessoas já foram presas suspeitas de envolvimento no assassinato de Ruy Ferraz Fontes: Dahesly Oliveira Pires, Luiz Henrique Santos Batista, Rafael Dias Simões e Willian Marques.
Outros três suspeitos estão foragidos: Flávio Henrique de Souza, Felipe Avelino da Silva (Mascherano) e Luiz Antônio Rodrigues Miranda.
Jurado de morte pelo PCC
Ruy Ferraz Fontes estava jurado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo o documento, revelado no domingo, 21, pelo programa Fantástico, da TV Globo, as ordens para os assassinatos partiam de dentro dos presídios para Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo.
O Ministério Público encontrou no celular de Nefo informações que deram origem ao relatório “Bate Bola”, produzido no ano passado.
O item 16 do documento citava diretamente a perseguição a Ruy Ferraz Fontes.
“O que eu quero deixar bem claro que não saíram bilhetes ou cartas da Penitenciária Federal. O que saíram de lá foram ordens verbais codificadas através de advogados, através de familiares, não só de presos da cúpula, mas de outros presos que conviviam com a cúpula na mesma unidade prisional”, disse o promotor de Justiça, Lincoln Gakiya, ao programa.
Derrite atribui execução ao PCC
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou na quinta-feira, 18, ‘não restar dúvidas’ de que a execução de Ruy Ferraz Fontes pode ser atribuída ao PCC.
“Para nós, não resta dúvida. A dúvida, e a gente não descarta possibilidades, é se a execução foi motivada por conta do combate ao crime organizado durante toda a carreira do delegado ou por conta de uma atuação atual como secretário municipal em Praia Grande. Agora, que há participação do crime organizado, não resta dúvida por conta principalmente do Masquerano [Felipe Avelino da Silva], que é um indivíduo […] que pertence à organização criminosa PCC por conta dos trabalhos de inteligência tanto do DIPOL [Departamento de Inteligência da Polícia Civil] quanto do Centro de Inteligência da Polícia Militar.
Então tem um histórico de relatórios de inteligência [dizendo] que ele exerce inclusive uma função de final da disciplina [nome dado à liderança que dita as regras dentro do PCC], como assim chamado, na região do ABC. Uma função de relevância dentro da organização criminosa. Então não tem como descartar. Isso é um fato. O crime organizado participou da execução. Agora a motivação é que ainda está em aberto, e nós estamos avaliando as duas possibilidades.”
O Antagonista
