Pela primeira vez, pesquisadores encontraram fora do continente africano, no Ceará, primatas infectados com o vírus da zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A descoberta se deu no segundo semestre de 2015, quando pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Pasteur e da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) realizavam expedição de pesquisa sobre a raiva em animais silvestres no interior do estado.
De acordo com os pesquisadores, a descoberta indica que, por ser capaz de contaminar outros hospedeiros além dos humanos, a doença se espalha com mais facilidade e, consequentemente, pode dificultar o controle. Além do vírus da zika, o mosquito Aedes aegypti é o vetor da dengue, febre amarela, chikungunya.
Quatro saguis – conhecidos como soins no Ceará – e três macacos-prego capturados nos municípios de Tabuleiro do Norte, Quixeré, São Benedito e Guaraciaba do Norte, apresentaram teste positivo para o vírus da zika pela técnica PCR em tempo real, que detecta a presença do vírus no organismo do animal. Na pesquisa foram capturados, no total, 15 soins e nove macacos-prego, todos eles em áreas com notificação de zika e ocorrência de microcefalia.
“Este é o primeiro relato de infecção pelo vírus zika em primatas neotropicais e indica a possibilidade de que estas espécies possam atuar como reservatórios do vírus, semelhante ao observado no ciclo silvestre da febre amarela no Brasil”, relata a bióloga Silvana Regina Favoretto, coordenadora do projeto “Raiva em silvestres terrestres da Região Nordeste do Brasil: epidemiologia molecular e detecção da resposta imune”.
Após passarem pelo exame, os macacos tiveram um microchip implantado e foram devolvidos ao hábitat natural Os animais testados têm hábitos domésticos ou vivem próximos aos humanos. Em maio, os pesquisadores realizarão exames em mais animais e tentarão recapturar alguns dos animais já testados para que eles passem por estudos mais detalhados