Morando há 15 dias em Portugal, onde vai passar uma temporada por lá fazendo novela, Lucélia Santos concedeu uma entrevista ao programa “Você na TV”, da portuguesa TVI, e admitiu que saiu do Brasil revoltada com a atual situação política e econômica do país. Aos 62 anos, a intérprete da inesquecível Escrava Isaura afirma ter sido “perseguida” por se expressar contra o governo.
“Sou perseguida por isso há muitos anos. Eu sempre tive uma posição de esquerda, assumidamente. Sempre tive do lado dos trabalhadores e das populações mais afetadas…”, revelou.
Lucélia não poupou críticas ao país e se referiu ao atual cenário político e econômico nacional como o “pior momento do Brasil desde a ditadura militar”.
“É um retrocesso civilizatório, uma coisa inexplicável. Todo o dia no Brasil você acorda e acha que está vivendo um pesadelo. Só que você acorda e está dentro do pesadelo, porque ele não passa. E a cada dia as notícias vão piorando. É um desrespeito total às instituições, à constituição, inclusive. A grande meta no Brasil hoje é defender a democracia, que está frágil. A gente está debaixo das botas dos militares, inclusive com relação ao Supremo Tribunal Federal. Isso é uma crise institucional e quase constitucional. O país está completamente dividido desde 2013, desde que o Aécio Neves perdeu a eleição pra Dilma. Naquele momento, o país ficou dividido a metade”, desabafou ela.
‘Tem que boicotar o Brasil’
A atriz diz que um dos problemas que mais a afeta é a questão ambiental: “O Brasil é o país que tem o maior potencial ambiental do planeta hoje. Talvez junto com o continente africano e a Austrália. Nós temos a maior floresta tropical úmido do mundo, que é a Floresta Amazônica. E eles querem destruir tudo. Eu sou uma defensora da Amazônia há mais de 30 anos, dos bichos, da fauna, da flora e dos povos da floresta (seringueiros, caboclos, índios)”.
Durante a entrevista, Lucélia sugere que Portugal faça um boicote ao Brasil. “Acho que vocês podem nos ajudar. Tem que boicotar todos os que querem destruir a floresta: as empresas, os produtos. Não comprar mais. Isso é uma forma séria de dar um basta. Esse produto está comprometido com a destruição da floresta, que implica na destruição do clima, da humanidade… boicota, rompe contrato, não compra. Essa é a única linguagem que se pode entender porque é a linguagem do capital”.
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