Denúncias de fraudes marcaram o processo de eleição interna do PT realizado no último dia 8. As acusações vão da presença de pessoas mortas nas listas de filiados que votaram ao transporte de eleitores em carro oficial, além da intimidação do trabalho de fiscais. Os petistas foram às urnas para escolher os presidentes dos diretórios municipais e os delegados que vão eleger os presidentes estaduais e o presidente nacional.
As supostas irregularidades aparecem em recursos apresentados por chapas que saíram perdedoras. Em São Paulo, Minas, Rio e Pernambuco, as fraudes teriam favorecido a CNB, a corrente majoritária do partido. Os diretórios estaduais agora vão analisar as alegações apresentadas e decidir se serão realizadas novas eleições nas cidades que tiveram problemas.
As denúncias de desvios de conduta em eleições internas do PT são recorrentes. Para um integrante da executiva nacional, porém, a quantidade constatada neste ano é “uma vergonha” para a legenda. Até 2013, o partido escolhia o seu presidente nacional por meio da votação direta dos filiados, mas o modelo está temporariamente suspenso, justamente por causa das queixas de irregularidades.
Em novembro, o PT vai reunir os 800 delegados escolhidos na votação de domingo para eleger o seu presidente nacional. A deputada federal Gleisi Hoffmann é candidata à reeleição para permanecer no comando da sigla e conta com o apoio do ex-presidente Lula.
Até quarta-feira, com 87% dos votos apurados, a CNB , corrente que apoia Gleisi, tinha 52% dos votos contra 13% da segunda colocada, a chapa composta pelas correntes Democracia Socialista (DS) e Militância Socialista. Além da atual presidente, devem se candidatar a presidente os deputados federais Paulo Pimenta (RS) e Paulo Teixeira (SP), e o professor Valter Pomar.
Em São Paulo, a chapa Lula Livre pela Renovação do PT, de oposição ao atual presidente Luiz Marinho (da CNB), pediu a impugnação da votação nas cidades de Tupi Paulista, Carapicuíba e Suzano. Eles dizem que há presença de mortos na lista de filiados que votaram. Em Suzano, também foi verificada a existência de cerca de 20 assinaturas similares na lista de votantes, segundo as denúncias. A chapa opositora ainda disse ter contatado por telefone cinco filiados que afirmaram não terem participado da eleição, apesar das confirmações de presença nos documentos oficiais.
Além das impugnações, foram pedidas auditorias em 31 cidades com participação de filiados acima da média estadual. Em Uirapuru, todos os 42 filiados votaram. A média de comparecimento do estado foi de 23%. Dos 42 votantes, 39 escolheram a chapa da CNB e três votaram em branco.
Em Minas, um grupo de parlamentares , entre eles quatro deputados federais, apresentaram recurso com acusações de terem encontrado dificuldade para ter acesso às listas de votação. Disseram também terem sido impedidos de realizar a fiscalização da apuração porque a sede do partido no estado permaneceu fechada na manhã de quarta-feira. Na representação, os parlamentares escrevem que foram entregues atas de apuração e listas de presença de cidades que não participaram da eleição do dia 8.
Em Virginópolis, no interior do estado, a vereadora Maria Ângela Coelho acusa o deputado federal Reginaldo Lopes de ter promovido filiação em massa na cidade no último dia antes do prazo final para definir os participantes da eleição interna. No processo, teriam se filiado “inclusive de eleitores bolsonaristas”. A direção municipal não deu anuência para as novas adesões.