Dois padres italianos deverão comparecer à Justiça do Vaticano na próxima semana acusados de abuso sexual de um menor em uma residência da Cidade do Vaticano, anunciou o porta-voz da Santa Sé nessa quarta-feira (7).
O tribunal do Estado do Vaticano julgará o padre Gabriele Martinelli, acusado de ter abusado sexualmente de um menor quando era um jovem seminarista, que residia no “Pré-seminário São Pio X”, localizado dentro do Vaticano, não muito longe da atual residência do papa Francisco.
O padre Martinelli, que tinha na época 21 anos, foi ordenado padre em 2017.
O outro padre, Enrico Radice, era reitor do alojamento no momento dos fatos e é acusado de cumplicidade por ter protegido o seminarista.
Os estudantes alojados neste internato eram crianças e adolescentes que estudavam em um colégio privado do centro de Roma e que participavam como coroinhas nas missas realizadas na basílica de São Pedro.
Alguns deles decidiram tornar-se padres e estudaram no seminário.
A Justiça do Vaticano havia decidido em 2017 abrir o julgamento após a publicação do livro “Pecado original” do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, que denuncia os abusos cometidos nesse seminário entre 2011-2012.
Entre os depoimentos, está o do polonês Kamil Tadeusz Jarzembowksi, que contou que comparecia com frequência ao quarto do seminarista para ter relações sexuais porque “se sentia obrigado a ceder a suas demandas” e que não se tratava de uma relação amorosa.
“Não culpo esses padres por serem homossexuais”, declarou o polonês, que confessou ser gay.
“Tudo isso é uma grande hipocrisia: durante o dia, essas pessoas são homofóbicas e durante a noite ficam loucos nas baladas gays”, comentou.
Pouco depois da publicação do livro, a vítima contou em um programa de televisão que foi abusado sexualmente durante seu primeiro ano no pré-seminário, aos 13 anos.
O jovem afirmou inclusive que recebeu propostas inadequadas dentro da Basílica de São Pedro durante as missas.
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