Apesar de ser réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no Supremo Tribunal Federal (STF), alvo na mesma Corte de pedido de afastamento do cargo e de processo de cassação de seu mandato na Câmara por quebra de decoro, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), trabalha incansavelmente para influenciar o eventual governo Michel Temer com indicações em diversas áreas e pode ter êxito em algumas das demandas.
Para garantir que terá alguma ascendência sobre a gestão Temer e, assim, tentar sobreviver aos embaraços que enfrentará este ano na Câmara e no Supremo, Cunha tenta emplacar nomes para se sentarem bem perto do possível futuro presidente. É o caso de Gustavo Rocha, cotado para a Secretaria de Assuntos Jurídicos da Casa Civil. Advogado do PMDB por indicação do presidente da Câmara, Rocha foi nomeado para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) no ano passado por influência de um de seus mais ilustres clientes, o próprio Cunha
O peemedebista também atua para emplacar o deputado Hugo Motta (PMDB-PB) na Esplanada e um nome do PRB, partido que lhe dá sustentação, na Agricultura. O nome que vem sendo proposto por Cunha é do deputado César Halum (PRB-TO). Motta mostrou sua fidelidade a Cunha quando, em fevereiro, enfrentou o então candidato governista à liderança do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), a pedido do presidente da Câmara. Já o PRB é um partido que tem caminhado afinado com Cunha quando, por exemplo, foi o primeiro da base a fechar questão totalmente favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Quem tem mantido o diálogo mais próximo com Cunha é o ex-ministro Geddel Vieira Lima, cotado para ser ministro da cota pessoal de Michel Temer na Articulação Política. Responsável por tocar as negociações com deputados e senadores, Geddel tem sido visto com frequência no gabinete da Presidência da Câmara nos últimos dias. O contato direto de Cunha com Temer, por outro lado, tem sido mais restrito neste momento.