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“Cortina de fumaça”: Políticos criticam ato de Bolsonaro com blindados em Brasília

FOTO: VIA METRÓPOLES

Um desfile militar patrocinado pelo presidente Jair Bolsonaro reuniu na manhã desta terça-feira (10) cerca de 40 veículos, todos da Marinha, entre blindados, caminhões e jipes.

A parada militar passou ao lado da praça dos Três Poderes, onde estão o Palácio do Planalto (sede do Executivo), o Congresso Nacional (Legislativo) e o Supremo Tribunal Federal (Judiciário).

Interpretado como uma tentativa de demonstração de força do presidente no momento em que aparece acuado e em baixa nas pesquisas, o desfile foi alvo de uma série de críticas do meio político como mais uma tentativa do Planalto de pressionar outros Poderes e de buscar a politização das Forças Armadas.

A presença de blindados em frente à praça dos Três Poderes ocorre também em meio ao agravamento de uma crise institucional entre Bolsonaro e o Judiciário.

O presidente tem feito uma série de ameaças contra a organização das eleições do ano que vem. Na sua defesa do voto impresso, ele acumula declarações golpitas ao colocar em dúvida a realização do pleito. Na semana passada, o Judiciário voltou do recesso disposto a dar uma resposta dura a Bolsonaro.

Primeiramente, a corte eleitoral decidiu, por unanimidade, abrir um inquérito para apurar as acusações feitas pelo presidente, sem provas, de que o TSE frauda as eleições. Depois, o presidente da corte, Luís Roberto Barroso, assinou uma queixa-crime contra chefe do Executivo e recebeu o aval do plenário da corte eleitoral para enviá-la ao STF.

Além disso, o corregedor-geral do TSE, ministro Luís Felipe Salomão, solicitou ao Supremo o compartilhamento de provas dos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos com a ação que pode levar à cassação de Bolsonaro. No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes aceitou a queixa-crime de Barroso e incluiu Bolsonaro como investigado no inquérito das fake news.

O desfile desta terça-feira começou às 8h30. Nesse horário, o presidente Bolsonaro já estava em vigília na rampa do Planalto, acompanhado dos comandantes das três Forças: Paulo Sérgio (Exército), Almir Garnier (Marinha) e Carlos de Almeida Baptista (Aeronáutica).

Também estavam alguns ministros, entre eles Walter Braga Netto (Defesa), Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Anderson Torres (Justiça). Entre outros, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, e o ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Ives Gandra da Silva Martins Filho.

Convidados, os presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do Supremo, Luiz Fux, não compareceram ao desfile. Um dia antes, em meio à polêmica causada pelo anúncio do desfile, Bolsonaro postou em suas redes sociais um convite para que autoridades recebessem os blindados.

Um dia antes, mesmo aliados do presidente reagiram ao evento militar. Lira, por exemplo, afirmou que se trata de uma “coincidência trágica” que o desfile dos blindados aconteça no mesmo dia previsto para a votação da PEC do voto impresso, bandeira bolsonarista para discursos golpistas.

No início do desfile, que durou cerca de 10 minutos, um militar em traje de combate desceu de um dos jipes, subiu a rampa e entregou a Bolsonaro um convite para comparecer ao exercício militar da Marinha programado para este mês.

A chamada Operação Formosa ocorre anualmente desde 1988, mas, de acordo com o Ministério da Defesa, é a primeira vez que o convite ao presidente da República ocorre durante uma parada militar.

Durante a passagem dos veículos, um grupo de dezenas apoiadores de Bolsonaro se reuniu na praça dos Três Poderes e entoou gritos em defesa da intervenção militar. Eles gritaram “Eu Autorizo” e “142”, em referência a dispositivo constitucional que bolsonaristas dizem justificar eventual intervenção fardada.

Folha de S. Paulo

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