
Agonizantes e afundados em uma crise terminal, os Correios anunciaram nesta quinta-feira (20) um novo plano de reestruturação que beira o desespero: captar R$20 bilhões em dívidas com bancos privados e apelar para um Demissão Voluntária (PDV) que já fracassou fragorosamente no passado recente.
Após 12 trimestres seguidos de prejuízo, a estatal admitiu que só sobrevive aumentando em R$ 20 bilhões seu já colossal endividamento, hoje estimado em mais de R$15 bilhões. A proposta, aprovada nesta quarta-feira (19) pelo Conselho de Administração e pela nova gestão indicada pelo governo, tem como meta oficial “recuperação financeira, consolidação do modelo e crescimento estratégico”, mas, nos bastidores, é tratada como a última cartada antes da privatização ou do colapso total.
Internamente, a situação é ainda mais grave: mais de 70% dos 80 mil funcionários ativos têm ações trabalhistas contra a empresa. Só em passivos judiciais, os Correios já carregam quase R$30 bilhões em condenações e acordos.
Para tentar estancar a sangria, o plano prevê:
- Novo PDV, mesmo após o programa de 2021 ter adesão pífia e custado R$1 bilhão sem reduzir quadro significativo;
- Fechamento de até mil agências deficitárias, exatamente as que ainda captam clientes no interior e nas periferias;
- Venda de imóveis não operacionais (potencial de R$1,5 bilhão) e monetização de ativos;
- Expansão de portfólio para comércio eletrônico e serviços financeiros, área onde já perdeu mercado para concorrentes privados.
O presidente, Emmanuel Rondon, nomeado em outubro, conseguiu aval do conselho em tempo recorde, mas a sensação entre empregados e sindicatos é de que se trata de maquiagem de cadáver. “É o enterro disfarçado de plano de recuperação”, resumiu um diretor do principal sindicato da categoria.
Com caixa negativo e dependendo de novos empréstimos bilionários para pagar folha e fornecedores, os Correios caminham para o 13º trimestre vermelho e admitem que, sem a injeção de R$ 20 bilhões em dívida, não chegam a 2026 operando. A estatal que já foi símbolo nacional agora é o retrato mais crasso da falência do modelo público brasileiro.
Diário do Poder

