
A Polícia Civil de São Paulo vai pedir a exumação do corpo do tunisiano Hayder Mhazres, de 21 anos, para investigar se ele foi envenenado com um milkshake pela namorada, a estudante de Direito Ana Paula Veloso Fernandes, de 36 anos, presa e apontada como “serial killer”.
Ana Paula é suspeita de matar quatro pessoas envenenadas, entre janeiro e maio, em São Paulo e no Rio de Janeiro. As investigações apontam que ela teria colocado veneno em bebidas e comidas das vítimas e oferecido a elas.
Até o momento, três corpos foram exumados, incluindo o do idoso Neil Corrêa, que morreu após comer uma feijoada, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, feita por ela. Porém, os resultados dos exames, que apontarão a substância encontrada nas vítimas, ainda não saíram.
Em maio, Hayder morreu depois de passar mal logo após tomar um milkshake comprado por Ana Paula. De acordo com as investigações, ela teria envenenado o namorado depois dele terminar por fim ao relacionamento com a estudante. Depois, ela ainda teria mentido sobre uma gravidez para tentar extorquir a família do tunisiano.
Sem passar por exames periciais, o corpo foi levado para a Tunísia, onde foi enterrado. Como não está no Brasil, a exumação de Hayder depende de cooperação internacional e autorização da família.
Muçulmana, a família do jovem a princípio resistiu à ideia de realizar a exumação. Mas, após negociações, consentiu o procedimento. Agora, a Polícia Civil pretende solicitar autorização judicial no Brasil e acionar a Embaixada da Tunísia em São Paulo e autoridades locais.
“A primeira parte era a autorização da família, que, por questões pessoais e religiosas, estavam reticentes com relação à possibilidade de exumação. Agora, a família parece estar mais consciente e consentindo”, disse o delegado Halisson Ideiao Leite, do 1º Distrito de Guarulhos, na Grande São Paulo, em entrevista ao “g1”.
Saiba quem são as outras vítimas da ‘serial killer’
Marcelo Hari Fonseca
De acordo com a Polícia Civil, Marcelo Hari Fonseca, de 51 anos, foi encontrado morto no dia 31 de janeiro deste ano nos fundos da casa onde Ana Paula morava em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Foi a própria estudante de Direito quem acionou a Polícia Militar após, segundo ela, ter sentido um forte odor na residência em que alugava de Marcelo. O imóvel teria sido alugado por Ana Paula e por Roberta Cristina Veloso Fernandes, sua irmã gêmea, que também está presa.
Maria Aparecida Rodrigues
Em 11 de abril, Maria Aparecida Rodrigues foi encontrada morta em casa, também em Guarulhos. De acordo com o MP, a suspeita de envenenamento surgiu quando a filha da vítima, Thayná Rodrigues Felipe, relatou à polícia que a mãe havia saído, na véspera, com Ana Paula. A suspeita utilizava outro nome ao se apresentar para Maria Aparecida.
Um dia antes da morte, Maria Aparecida visitou a estudante em sua casa, onde teria sido convidada para tomar um café e comer um bolo. No dia seguinte, a filha da vítima encontrou o corpo da mãe e suspeitou do encontro com Ana Paula um dia antes.
Ainda de acordo com as investigações, Ana Paula teria envenenado Maria Aparecida para tentar incriminar um policial militar casado com quem mantinha relacionamento. De acordo com as investigações do 1º Distrito Policial de Guarulhos, após envenenar Maria Aparecida, Ana Paula passou a insinuar por mensagens em redes sociais que a vítima mantinha um relacionamento com o PM.
Neil Corrêa da Silva
No dia 7 deste mês, a polícia prendeu Michelle Paiva da Silva, de 43 anos, acusada de matar o próprio pai, Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, com a ajuda de Ana Paula. Michelle foi detida por policiais da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) e agentes da Polícia Civil de São Paulo, quando chegava a uma universidade no bairro Engenho Novo.
As investigações apontam que o pai da suspeita morreu após ser envenenado, em abril deste ano, em Duque de Caxias. O homicídio, segundo a polícia, tem relação com outros três assassinatos em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. Michele teria financiado a ida de Ana Paula de Guarulhos para o Rio para que fosse cometido o crime contra Neil Corrêa.
Cachorros
A estudante de Direito também confessou à polícia ter matado dez cachorros utilizando chumbinho, para testar o efeito do veneno antes de aplicá-lo em pessoas. Ela é investigada por matar ao menos 14 cães envenenados.
Veneno
Um laudo da Polícia Técnico-Científica de São Paulo confirmou que a sustância encontrada na casa de Ana Paula Veloso Fernandes é um veneno inseticida usado no controle de pragas na agricultura.
O documento do Instituto de Criminalística (IC) confirmou a presença do veneno na casa da suspeita em São Paulo, de acordo com o delegado Halisson Ideiao Leite, do 1º Distrito Policial de Guarulhos. A Polícia Civil trabalha para elucidar se a substância foi utilizada no suposto assassinato de quatro vítimas.
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