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Coronavírus piora isolamento de Bolsonaro, e adversários esperam presidente mais agressivo

FOTO: EBC

Os adversários de Jair Bolsonaro, e hoje ele os tem em todas as esferas de poder, desistiram de uma acomodação com o presidente.

A avaliação prevalente, ouvida pela Folha nas cúpulas do Legislativo, do Judiciário e em estados, é a de um paradoxo: a fraqueza política de Bolsonaro só tende a acirrar sua agressividade no embate.

Só na semana passada, o presidente conseguiu criticar o Supremo Tribunal Federal, sugerir que Rodrigo Maia conspirava para derrubá-lo e ainda agudizar a crise do coronavírus ao demitir seu ministro da Saúde.

A tempestade perfeita do bolsonarismo encontrou resistência em todas as instâncias, que deram respostas sem histrionismo, mas com efeitos práticos claros.

Mas o tom foi dado pelo presidente da Câmara: “Ele joga pedra, e o Parlamento vai jogar flores para o governo federal”, disse Maia (DEM-RJ) acerca das críticas que sofrera.

O deputado disse que continuaria trabalhando, ironia clara em relação ao que mesmo membros do governo veem como ciclotimia do chefe. Em conversas com aliados, o consenso é que não valeria a pena entrar no jogo.

Isolado de forma crescente, o presidente recebeu duas flores com espinhos. Na quarta (15), o Supremo afirmou de forma unânime que governadores podem impor quarentenas para tentar mitigar o impacto da Covid-19 em seus sistemas de saúde.

Dois dias depois, o Senado abriu caminho para que a medida provisória da minirreforma trabalhista do governo caduque na segunda (20).

Isso pode até não vir a acontecer, mas mostra o ânimo legislativo com o Planalto: a reforma era uma peça de propaganda de Paulo Guedes, o ministro da Economia que já foi o xodó do mercado e cuja agenda ecoava no Parlamento.

Na semana passada, a Câmara já havia dado 431 votos para abrir uma linha de oxigênio aos estados de quase R$ 90 bilhões para seis meses de crise.

Um presidente de partido chama atenção ao sinal duplo: a votação expressiva, com apenas 70 votos ao lado do governo, e o fato de o Legislativo estar jogando com os estados —de resto, unidos como nunca em seus pleitos.

Folha de S. Paulo

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