A equipe de pesquisadores responsável pela retirada de coral invasor no Litoral Norte potiguar realizou a segunda expedição na Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC). A ação é uma iniciativa do Governo do Estado, por meio do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Fundação para o Desenvolvimento Sustentável da Terra Potiguar (Fundep) e a empresa de mergulho CCR-Brazil e ocorreu na última semana, de 31 de maio a 03 junho.
As expedições de remoção do coral-sol na APARC, espécie de coral invasora, são medidas inovadoras e mitigadoras para manter o equilíbrio da biodiversidade do litoral potiguar. Para o coordenador do Núcleo de Gestão de Unidades de Conservação do Idema (NUC), Rafael Laia, o trabalho de monitoramento deve ser contínuo no local, em razão das características do ser vivo que coloniza ambientes marinhos e pode impedir o crescimento de espécies nativas.
“Essa é uma ação pioneira na Região Nordeste. O intuito das expedições é remover as colônias de coral-sol e manter um monitoramento sistemático e contínuo na área para controle da espécie. Ela possui diversas estratégias de crescimento e reprodução, além de defesas e ausência de predadores efetivos. Por isso, são invasores eficientes. Vale ressaltar que o Idema continuará com o monitoramento de toda APARC, em razão da sua importante diversidade biológica e por ser uma área de atividade turística significativa do RN”, disse.
Laia conta que na primeira expedição, realizada no início do mês de maio, a equipe de pesquisadores removeu mais de 1.500 colônias de coral-sol. Na segunda expedição, realizada durante a Semana Estadual do Meio Ambiente, o trabalho de remoção das colônias invasoras continuou, atingindo a maior parte das áreas que estas vinham ocupando, em um total de 1.544 colônias removidas.
O Governo do Estado é responsável pelo monitoramento da APARC, por meio do Idema, e através de ações desenvolvidas na Área, a gestão efetiva a política ambiental e o compromisso com o ambiente marinho local. “Independente do quantitativo, o monitoramento na Área se torna indispensável. Isso porque, se o acompanhamento e o processo de remoção do coral-sol não tiverem continuidade, a espécie invasora voltará a crescer e ocupar os espaços que estava anteriormente. O que se fez nas primeiras duas expedições foi remover as colônias maiores e mais desenvolvidas”, disse Rafael.
O biólogo, professor do Departamento de Oceanografia da UFRN e coordenador das expedições, Guilherme Longo, comenta que esse trabalho acontece em um momento oportuno, em que a Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC) comemora seus 20 anos de criação e na abertura da década da restauração dos ecossistemas preconizada pela ONU. “Essa expedição consolida uma parceria entre o Idema, a Universidade, a Fundep e a empresa de mergulho, mostrando o potencial do que conseguimos fazer quando atuamos juntos para a conservação local, e não apenas ações independentes, pois os benefícios que a Área possui devem ser contínuos e para todos os seres”, disse.
O professor relatou, ainda, que o trabalho de remoção não envolve apenas retirar as colônias dos naufrágios, mas possui diversas pesquisas associadas. “Uma delas é para avaliar a recuperação desses corais removidos. Então, se a nossa remoção está sendo efetiva, nós viemos periodicamente avaliar o local e ver se há novo crescimento, novas colônias chegando. Existe outro experimento em andamento, onde nós colocamos placas para avaliar a chegada de novos recrutas, e levamos algumas colônias vivas para o laboratório onde simulamos a competição delas com corais nativos. Temos visto que o coral-sol realmente causa muitos danos aos corais nativos”, relatou Longo.
A oceanógrafa Erika Beux, responsável pela identificação do coral-sol na APARC no mês de fevereiro, faz parte da equipe de pesquisadores e realizou diversos registros fotográficos subaquáticos no local. Além da importância biológica, a localidade abriga um relevante registro histórico com a presença do naufrágio Commandante Pessoa, datado de 1954.
A equipe terá que fazer uma pausa em razão das condições do mar no segundo semestre do ano. “Para este ano, a equipe programou mais duas expedições que devem ocorrer entre outubro e dezembro. A pausa acontece exatamente durante os meses em que os ventos ficam mais fortes e com isso o mar fica muito turvo e agitado, impedindo um trabalho eficiente com os mergulhadores nas profundidades”, finalizou o coordenador do NUC, Rafael Laia.
Dados
- Primeira expedição:
1.542 colônias removidas
981 fragmentos removidos (fragmentos de corais maiores)
- Segunda expedição:
1.544 colônias removidas
1.527 fragmentos removidos (fragmentos de corais menores)