O Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, foi o tema de uma audiência pública proposta pela Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Natal, nesta segunda-feira (20). Participaram dos debates representantes da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), da Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico de Natal (ARSBAN) e do Ministério Público do RN, além de líderes comunitários e integrantes de movimentos sociais organizados.
Duas questões delimitaram o caminho que norteou as discussões da audiência: a utilização consciente dos recursos hídricos e o racionamento de água na Zona Norte da capital potiguar. Junto a isso, reflexões sobre problemas ambientais como poluição das águas e solos devido a falta de saneamento básico nas áreas urbanas e rurais, falta de políticas de gerenciamento de resíduos sólidos e o desmatamento de mata ciliar, que influi no assoreamento do leito de rios e compromete a qualidade da água potável.
A vereadora Carla Dickson (PROS) chamou a atenção do plenário para a contaminação do lençol freático por nitrato, substância que provoca câncer e outras doenças no ser humano. “A cidade está perdendo grande parte da água que servia para o abastecimento por causa disso. Os estudos mostram valores crescentes de contaminação. Destaque para o bairro de Felipe Camarão e o conjunto Pirangi, que apresentam situações preocupantes”.
Segundo a representante do Ministério Público, Ana Cláudia Lima, existe o Plano Municipal de Abastecimento de Água elaborado pela Caern a pedido do MPRN que reúne medidas importantes para o enfrentamento dos desafios hídricos na Zona Norte.
“Por exemplo, a alteração de adutoras da região que apresentaram problemas de vazamento. No entanto, desde 2012 que alertamos sobre a capacidade limitada da Lagoa de Extremoz, fato que ficou evidente com a diminuição das chuvas. Esse tempo todo e nenhuma ação concreta foi tomada pelo poder público. Agora estamos à mercê de iniciativas emergenciais e de um inverno generoso para resolver o problema”, afirmou.
Lamarcos Teixeira, superintendente de Manutenção e Operações da Caern, disse que as últimas chuvas melhoraram a situação do manancial que, atualmente, está com 50% da sua capacidade hídrica. “Adotamos a instalação de hidrômetros residenciais para ajudar a aferir de forma real qual o volume do consumo do cliente e a produção do sistema”, informou Teixeira, que completou:
“O inverno começa na segunda quinzena de maio e vai até o final de julho. A expectativa é que as chuvas façam a Lagoa de Extremoz alcançar 70% do seu potencial de abastecimento. Quando chegarmos neste patamar, vamos sentar com a equipe do Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (Igarn) para definir sobre a necessidade ou não de continuar o racionamento na Zona Norte. Independente das chuvas, o combate ao desperdício é crucial para o futuro da sociedade”.
Ao final da audiência, o vereador Fernando Lucena (PT) ressaltou que a água é um recurso natural que transforma a realidade das pessoas. “Quando falamos de água estamos falando de vida. Porque não existe vida sem água, com qualidade e abundância. Portanto, a avaliação que faço do encontro é positiva, haja vista o elevado nível dos debatedores e a relevância dos assuntos abordados”, concluiu o presidente da Comissão de Saúde.