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Cocaína apreendida no Porto de Natal em menos de 2 anos está avaliada em R$ 7,4 bilhões

FOTO: DIVULGAÇÃO

Em menos de dois anos, ações da Polícia Federal, em cooperação com as Polícias de países europeus, apreenderam 16,5 toneladas de cocaína relacionadas à rota do tráfico internacional de drogas através do Porto de Natal. Uma vez às ruas, essa quantia tem valor equivalente a US$ 1,3 bilhão (dólares americanos), que chegam a R$ 7,4 bilhões na cotação atual do real (R$ 5,4959). Essa cifra revela, somente pelo quantitativo que foi apreendido, a dimensão do fluxo do tráfico internacional no Brasil que colocou Natal entre suas três principais vias de escoamento para os países da Europa. O valor da cocaína retirada de circulação pelos policiais no RN é baseado no levantamento mais atual da United Nations Office On Drugs and Crime (UNODOC), que estima o custo médio da grama da cocaína em US$ 82.

A estimativa da UNODOC foi citada pelo Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN) no Inquérito Civil nº 1.28.000.000211/2019-24, ajuizada na Justiça Federal no Rio Grande do Norte em março deste ano, que requereu a instalação imediata de um escâner de cargas no Porto de Natal, administrado pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern). A ação foi anterior à apreensão do último sábado, 15, de aproximadamente 700 toneladas de cocaína pela Polícia Federal, e o valor da droga apreendida até a formatação do Inquérito Civil citado chegaria a R$ 6,04 bilhões. “Se considerarmos que para cada carga apreendida, outras conseguem passar, o valor da movimentação financeira dessas organizações criminosas é ainda maior, podendo chegar na cifra de dezenas de bilhões de reais”, destacou o procurador da República, Renan Paes Felix, que assina o documento.

A ação do MPF destaca a preocupação com a segurança do Porto de Natal pela inexistência de um escâner de cargas. O equipamento é necessário para ver o interior dos contêineres que chegam ao porto lacrados – e que só podem ser abertos no destino. É dentro deles que a maioria da cocaína foi apreendida ao longo desses últimos dois anos, em solo brasileiro ou nos portos internacionais, mais destacadamente, de Roterdã, na Holanda. Elas são camufladas dentro das caixas de frutas que são exportadas pelo terminal portuário potiguar para a Holanda e Bélgica, países europeus. Entretanto, já houve apreensões de drogas na Espanha de cargas saídas também de Natal.

O documento pede que a Justiça conceda ao MPF a tutela para impor à União e à Codern medidas para adquirir o escâner. Desde que as primeiras apreensões revelaram as falhas no sistema de segurança do Porto de Natal por falta de um equipamento como esse, a administração afirma que não tem recursos financeiros para comprá-lo, que seriam de responsabilidade da União. A Codern não possui o escâner até o momento, mas anunciou depois da apreensão do sábado passado que vai instalar o equipamento no fim de setembro, alugado após um acordo entre ela e a empresa operadora do Porto de Natal, a CMA/CGM. No ano passado, a Codern chegou a dizer no mesmo período, em agosto, que iria instalar o escâner em setembro daquele ano, mas o plano não se concretizou.

Operações

Segundo levantamento da TRIBUNA DO NORTE, pelo menos dez operações de cocaína feitas pela Polícia Federal, Receita Federal e órgãos internacionais de segurança. Todas relacionadas à rota do tráfico através do Porto de Natal. Apenas em uma das operações ocorreu a prisão de suspeitos de participarem do esquema. Ao todo, 16,5 toneladas de cocaína foram apreendidas e cinco pessoas foram presas nessas ações. Em fevereiro de 2019, o delegado da Polícia Federal, Agostinho Cascardo, porta-voz do órgão nas primeiras apreensões, chegou a afirmar que a rota revelada estava entre as três maiores do Brasil, junto com o Porto de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

O documento do MPF/RN destaca a relevância do porto no tráfico internacional realizado no Brasil. Apesar de ser uma das três maiores rotas, o Porto de Natal não está entre os dez maiores do Brasil. “O que chama atenção é que o Porto de Natal, apesar de não estar nem entre os dez maiores portos do Brasil, foi o terceiro em apreensão de drogas o que destaca mais ainda sua relevância na traficância internacional”, ressalta o procurador da República, Renan Paes Felix.

Na apreensão do último sábado, a droga foi encontrada embalada em tabletes dentro de contêineres de frutas. Os pacotes possuíam imagens que a Polícia Federal acredita serem logomarcas de organizações criminosas que fornecem a droga. A existência das imagens era presente nas apreensões anteriores, mas com outros símbolos. Os pacotes das primeiras apreensões estavam ligadas a símbolos de futebol, como logomarca de times e siglas como “CR7”. Desta vez, os pacotes mostravam animais, como a coruja e o elefante. “São logomarcas diferentes, mas apesar de serem diferentes não fica descartado ser o mesmo fornecedor”, afirmou a Polícia Federal.

TN

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