O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), que foi solto no último sábado, 21, relata que está sendo perseguido. “Meu patrimônio é totalmente compatível com a renda que obtive ao longo desses 28 anos de mandatos públicos”, declarou, em entrevista a Herculano Barreto Filho, do UOL.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela soltura de Coutinho, após ele ficar um dia detido. “A prisão preventiva não pode ser usada como método investigativo”, afirmou.
Ricardo Coutinho está sendo acusado pelo Ministério Público da Paraíba (MP-PB) de chefiar uma organização criminosa suspeita de desviar mais de R$ 130 milhões em recursos públicos durante seu mandato, entre 2011 e 2018.
Coutinho nega e rebate as acusações. Ele destaca que seu caso é semelhante ao da condenação do ex-presidente Lula e criticou Operação Lava Jato e Sérgio Moro, ministro da Justiça e ex-juiz.
“Estamos em meio a uma guerra violenta. Não é só comigo. Eu estou sendo massacrado. Essa construção de narrativas não visa somente me atacar. Existe um claro mapeamento sobre o partido (PSB) e sobre o nosso grupo de militantes. A prisão da prefeita do Conde (Marcia Lucena, acusada de envolvimento no mesmo esquema) é de uma violência. Ela foi presa porque, em 2014, tinha feito três dispensas de licitação para contratar uma empresa que hoje foi denunciada. Se tivesse algo errado, o Tribunal de Contas diria na época. Não é simplesmente algo contra o Ricardo. É contra um projeto que mudou a correlação de forças na Paraíba, gerando atritos com instituições”, avalia Coutinho.
Sobre a acusação de chefiar uma organização responsável por desvios de dinheiro público, o ex-governador da Paraíba responde:
“É uma acusação absurda. Nunca vi um empresário dizer que, para receber fatura, teve que pagar alguma coisa. Aí arrumaram uma delação para me acusar. Mas delação não é prova. Meu patrimônio é totalmente compatível com a renda que obtive ao longo desses 28 anos de exercícios de mandatos públicos. A casa que eu tenho foi declarada no valor integral. E não se apresenta uma prova de onde está esse dinheiro. Rapaz, meu carro é de 2007! Estou sendo vítima de uma perseguição política”, destaca.
Lava Jato
Coutinho afirma que a investigação na Paraíba (Operação Calvário – Juízo Final) e a Operação Lava Jato fazem parte do mesmo contexto. “Lula foi acusado e condenado por uma propriedade que ele efetivamente não tinha. Se não tem propriedade, como pode ser culpado? E tem essa condenação prévia da opinião pública. O que está acontecendo aqui é um retrato do Brasil. Isso de um juiz virar ministro e querer controlar tudo (Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato e hoje ministro da Justiça). A Operação Lava Jato quer ser maior do que o MP e do que o Judiciário”.
Com informações: Fórum