
Um ciclista que quase morreu após ser atropelado por um motorista bêbado recebeu um novo rosto feito em impressora 3D. O britânico Dave Richards, de 75 anos, se tornou o primeiro paciente a se beneficiar de um centro do NHS, o sistema público de saúde do Reino Unido, especializado em imprimir partes do corpo em 3D.
O acidente deixou ferimentos graves: danos na pelve e nas costas, várias costelas quebradas e queimaduras profundas em um dos lados do rosto, que atingiram o olho, o nariz e parte do pescoço. Durante a recuperação, Dave foi encaminhado ao setor de Prótese Reconstrutiva, que recentemente inaugurou o Centro Médico 3D de Bristol.
Segundo informações divulgadas pelo tabloide britânico Daily Star, o espaço é o primeiro do tipo no país a reunir, dentro do NHS, escaneamento, design e impressão 3D em um só lugar. Localizado em Frenchay, Bristol, o centro oferece suporte técnico e científico a pacientes vítimas de trauma, unindo tecnologia de ponta e experiência em reconstrução.
Natural de Devon, Dave recebeu uma prótese feita sob medida para se ajustar perfeitamente ao rosto, com cor dos olhos, cabelo e tom de pele idênticos aos dele.
— Os cirurgiões tentaram salvar meu olho, mas havia risco da infecção se espalhar pelo nervo óptico até o cérebro, então ele precisou ser removido. Depois, usaram tecido com artérias e veias para cobrir o lado do meu rosto — conta.
A cirurgia foi um sucesso, mas Dave ainda precisou de outros dois procedimentos para soltar o tecido cicatricial.
— Quando começaram a falar de prótese, fiquei curioso. E com a chegada da tecnologia 3D, tudo mudou. O processo não é dos mais agradáveis, fazem moldes, impressões em cera, tiram muitas fotos, cobrem nariz e boca, mas os resultados são incríveis — afirma Dave.
No começo, ele conta que evitava sair de casa ou se expor socialmente.
— Eu me sentia vulnerável. Levou tempo até eu me acostumar com a minha imagem e com o olhar das pessoas. Mas, hoje, melhorei muito. Queria fazer algo que me ajudasse a recuperar a confiança — diz.
Avô de quatro netos, Dave descreve o trabalho com a equipe do centro como uma experiência “surreal”, que transformou sua recuperação.
O acidente aconteceu em 21 de julho de 2021, quando ele pedalava com dois amigos em Mere, perto da rodovia A303.
— Era um dia lindo, ensolarado. Estávamos subindo uma ladeira quando esse homem veio atrás em alta velocidade, bêbado e mexendo no celular. Tentou desviar, mas vinha um carro no sentido contrário. Ou batia no carro, ou em nós — relembra.
— Meus dois amigos foram arremessados, mas eu fiquei preso sob o carro. Fui arrastado, com o motor queimando um lado do meu corpo e o outro sendo esmagado — ele conta.
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