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Brasileiros estão tomando tanta cerveja que fabricantes estão sem garrafas

A PRODUÇÃO NACIONAL ATÉ CRESCEU DE 6% A 7% NO FINAL DE 2020, MAS O AUMENTO FOI INSUFICIENTE. PARA 2023, ESPERA-SE NOVO INCREMENTO, DE 8% A 10%, NA PRODUÇÃO. FOTO: ILUSTRAÇÃO

Em casa por conta da pandemia, a população brasileira está bebendo para passar o tempo. O problema é que, com as dificuldades impostas pela crise, as fabricantes da bebida estão com problemas para conseguir comprar garrafas desde o final do ano passado.

É o que mostra um relatório do Credit Suisse, de 29 de março, assinado por Marcella Recchia e Henrique Rocha. A dupla conversou com um grande fornecedor de garrafas de vidro para a indústria brasileira de cerveja e concluiu que as restrições de embalagens de garrafas de vidro devem persistir até 2023.

“Mesmo com a suposta desaceleração do consumo em fevereiro, impulsionada por subsídios governamentais mais baixos e o preço mais alto da cerveja, a indústria não foi capaz de construir estoques, o que levou a uma continuação nas restrições de capacidade”, diz o texto.

A produção nacional até cresceu de 6% a 7% no final de 2020, mas o aumento foi insuficiente. Para 2023, espera-se novo incremento, de 8% a 10%, na produção, o que deve normalizar o mercado. Enquanto isso não acontece, algumas marcas têm importado o produto ou adaptado a produção.

Heineken e Petrópolis, segundo o estudo, foram as mais impactadas. A gigante holandesa administrou parcialmente o problema importando de 25% a 30% de suas necessidades de garrafas de vidro no ano passado a preços 40% acima dos domésticos.

A marca brasileira, por sua vez, foi a mais impactada, o que levou a empresa a desviar a produção para latas de alumínio.

Já a AmBev, líder no segmento, quase não sofreu o impacto da escassez de garrafas de vidro no mercado, se beneficiando de sua produção própria (cerca de 44% dos recipientes foram produzidos pela própria companhia) e de “contratos sólidos com grandes fornecedores”.

Com essa priorização por parte dos fornecedores, o banco acredita que “a AmBev está melhor posicionada no setor para lidar com o ambiente restrito de fornecimento de embalagens. Dessa forma, a empresa deve continuar se beneficiando da integração vertical com suas próprias fábricas de latas de alumínio e garrafas de vidro.”

Em nota, o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) esclarece que a falta de garrafas que o mercado vem enfrentando é um reflexo do impacto que a pandemia gerou no cadeia de insumos e produção de embalagem –e que vem afetando diversos segmentos.

“Especificamente no setor cervejeiro, estamos enfrentando desafios pontuais com alguns insumos inerentes ao negócio, mas buscando junto aos fornecedores soluções para a normalização e menor impacto possível ao processo”, diz o texto.

CNN Brasil

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