
Após uma esvaziada reunião com a bancada do Nordeste no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) pisa nesta sexta-feira (24) em solo pernambucano para anunciar casas populares e verbas de infraestrutura cinco meses após tomar posse. Mas, na contramão da figura de “mito” populista que se desenhava durante a campanha, a passagem do capitão da reserva pelo Recife será longe da população.
Num estado governado por um partido de oposição e com fortes laços com o ex-presidente Lula (PT), a agenda de Bolsonaro, ao que parece, foi pensada para blindar o presidente de protestos marcados contra ele. Tudo começa com a escolha do local para o anúncio de recursos e fortalecimento de órgãos regionais.
Situado numa área de 77.603 m² e rodeado por mata atlântica, o Instituto Ricardo Brennand, na Várzea, não foi por acaso. Para chegar ao local, há um portão com controle de acesso e, depois, ainda é preciso percorrer uma estrada que a pé demora cerca de 15 minutos.
Do lado de fora, estudantes das universidades e institutos federais que sofreram bloqueios orçamentários preparam um protesto com direito a carro e bicicleta de som, carta aberta e queima de um caixão em referência ao chefe do executivo federal. Os manifestantes farão ainda um cortejo com saída da editora da UFPE até a porta do instituto Ricardo Brennand.
Já do lado de dentro do instituto, o clima com os nove governadores da região, a maioria de oposição ao governo federal, deve ser meramente diplomático e formal. Na reunião do conselho deliberativo da Sudene, o presidente lança o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE) e libera R$ 2,1 bilhões para o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FDNE), numa tentativa de construir uma boa relação com a região.
Nas redes sociais, a expectativa para a agenda de Bolsonaro é grande. Chovem memes e críticas. No Facebook, um evento intitulado como “Levantar muro para Bolsonaro não entrar em Recife” conta com a confirmação de presença ou de interesse de 14,7 mil pessoas. O nome faz referência à ordem assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para construir uma barreira contra imigrantes na fronteira com o México.
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