
Demitido após divulgar vídeo com frases copiadas de um discurso do ministro da Propaganda nazista, o ex-secretário nacional de Cultura, Roberto Alvim, manifestou-se pela primeira vez após deixar o governo em mensagem a seus contatos de WhatsApp na noite desse domingo, 19. Em texto e arquivo de áudio, que também foi reproduzido em sua conta no Twitter, o dramaturgo assumiu toda a responsabilidade pelo episódio que causou sua demissão e absolveu seus assessores.
Alvim caiu após críticas de todo o espectro político a um vídeo que ele publicou para divulgar o Prêmio Nacional das Artes (imagem em destaque). O texto lido pelo ex-secretário tinha frases copiadas de um discurso do ministro da Propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels.
“Eu escrevi o texto do meu discurso no vídeo, a partir de várias fontes e ideias, que me chegaram de muitos lugares. Meus assessores (…) não têm NADA a ver com a escritura”, garantiu o ex-secretário. “Eu afirmo que não sabia que aquela frase tinha uma origem nazista, porque a frase em si não tinha nenhum traço de nazismo, por isso não percebi nada errado ali… Mas errei terrivelmente ao não pesquisar com cuidado a origem e a associações de algumas frases e ideias. E assumo a responsabilidade por meu erro. Perdi tudo por causa desse erro terrível”, discursou ele.
Sobre as mentiras que estão sendo ditas na imprensa a respeito de meus asessores: pic.twitter.com/bm1tEpXXuE
— Roberto Alvim (@RobertoAlvim4) January 20, 2020
O dramaturgo explicou outros pontos do fatídico vídeo, como a trilha sonora com uma peça clássica do compositor Richard Wagner que era uma das músicas favoritas do ditador nazista Adolf Hitler. “A ópera Lohengrin foi postada por minha mulher pouco tempo antes no Facebook, por puro acaso. Acho a ópera linda, e a coloquei por se tratar da ópera escrita após a conversão de Wagner ao cristianismo”, justificou. “O que quero dizer é que não houve NENHUMA má-intenção da minha parte”, completou.
“Ação satânica”
Alvim, no texto, trata como “catástrofe” a “série terrível de eventos e coincidências” que levaram à sua demissão. “Estou orando sem parar, e começo a desconfiar não de uma ação humana, mas de uma ação satânica em toda essa horrível história”, disse. “Estou agora cuidando da minha família. Essa é minha prioridade nesse momento: minha esposa e meu filho pequeno, que estão destroçados”, diz ainda o dramaturgo, antes de pedir perdão à comunidade judaica e “a todos que decepcionei e feri”.
Metrópoles

