DE ACORDO COM O IASP (INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE STUDY OF PAIN), 72% DOS PACIENTES COM CÂNCER DE PRÓSTATA, EM MÉDIA, SOFRERÃO COM A CONDIÇÃO EM ALGUM MOMENTO DA EVOLUÇÃO DA DOENÇA
O dia 17 de novembro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, de forma que o mês é marcado por ações de conscientização e prevenção da doença, visando chamar a atenção da população sobre os cuidados necessários para evitar a doença, além de discutir avanços no tratamento e na qualidade de vida destes pacientes. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), a estimativa (2016-2017) aponta a ocorrência de 600 mil novos casos de câncer no Brasil e, com exceção do câncer de pele não melanoma, os cânceres de próstata serão os mais frequentes: 61 mil casos, o que corresponde a 28,6% de todos os novos casos em homens deste ano.
Em pacientes oncológicos, estima-se que pelo menos 50% deles sofram de dor crônica – índice que pode chegar até 90% nos casos avançados. De acordo com o IASP (International Association for the Study of Pain), 72% dos pacientes com câncer de próstata, em média, sofrerão com a condição em algum momento da evolução da doença e os especialistas alertam para o cuidado com esta condição que dificilmente é tratada de forma adequada.
“Em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa, e a dor costuma ser um dos primeiros sintomas que aparecem conforme a doença avança. A presença de sintomas urinários, como por exemplo dificuldade para micção, e dor pélvica ou em outros locais podem indicar um estágio mais avançado da doença. Além da recomendação dos exames preventivos para homens com mais de 45 anos, uma vez que a doença é diagnosticada, é fundamental que haja diálogo entre o paciente e a equipe médica multidisciplinar para que seja indicado o melhor tratamento objetivando a cura, nos casos da doença inicial, ou aumento da sobrevida, alívio das sintomas e, consequente, melhoria na qualidade de vida, nos casos da doença avançada”, explica Dr. Fernando Sabino Marques Monteiro, oncologista clínico do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Santa Lúcia, de Brasília (DF).
O tratamento para a dor envolve uma equipe multidisciplinar e diversas terapias, dentre elas o uso de analgésicos opioides nos casos de dor moderada e intensa, conforme a indicação da Organização Mundial da Saúde (OMS). “O Brasil está entre os países que menos prescrevem opioides, com média de 13.13mg per capita, quando o considerado adequado seria 192,91mg – ou seja, quase 15x maior, números que sugerem o subtratamento da dor”, alerta Dr. Sabino.
De acordo com os próprios especialistas, este cenário é resultados de diversos fatores, incluindo os entraves bucrocráticos ao acesso às medicações para o tratamento adequadro das dores oncológicas – seja no SUS ou junto aos convênios de saúde. “Se, por um lado, a rede pública aguarda revisão do protocolo que padroniza o tratamento para dor, na expectativa de que haja ampliação das opções de analgésicos opioides disponibilizados aos pacientes, por outro, a saúde suplementar avança nas discussões sobre o tratamento da condição, ainda que tenhamos um longo caminho a percorrer”, adianta o especialista.
Desde 2014, está vigente a Lei da Quimioterapia Oral (Lei nº 12.880/2013 – RN nº 387/2015) que garante aos pacientes com câncer o fornecimento do tratamento quimioterápico em casa, incluindo apenas terapias para dor decorrente da quimioterapia. “Os estudos apontam que de 15% a 25% dos pacientes sintam dor como um efeito colateral das terapias – seja quimioterapia, radioterapia ou das próprias cirurgias. O grande problema é que a maioria dos pacientes, cerca de 80%6, têm dor associada à ação direta do tumor e, portanto, não estão contemplados nesta lei. Além de ser uma medida pouco conhecida, nós médicos vemos a possibilidade de ampliar esse acesso e temos buscado discutir formas de beneficiar ainda mais pacientes”, comenta Dr. Fernando Sabino.
Neste mês de conscientização, o especialista reforça ainda que “o objetivo principal é continuar divulgando informações sobre a prevenção do câncer de próstata e, quando falamos de tratamento, mencionar também que o controle da dor é fundamental para que os pacientes possam ter uma melhor qualidade de vida”.
Novo Jornal