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“Arrancaram a cabeça do meu sobrinho”, diz tia de jovem morto em operação que deixou mais de 130 mortos no Rio

FOTO: REPRODUÇÃO

A manicure Beatriz Nolasco afirmou que o sobrinho, Yago Ravel Rodrigues, de 19 anos, foi decapitado durante a megaoperação policial que deixou mais de 130 mortos nos Complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro.

Segundo Beatriz, a cabeça do jovem foi deixada em uma árvore na mata onde ocorreram os confrontos.

“Meu sobrinho não tinha tiro no corpo. Apenas arrancaram a cabeça dele e deixaram na mata”, relatou em entrevista ao UOL.

A tia contou que Yago trabalhava como mototaxista e não tinha antecedentes criminais. A família descobriu a morte por meio de vídeos compartilhados nas redes sociais, que mostram moradores recolhendo corpos com lençóis e sacos plásticos.

“Um homem pegou a cabeça dele e colocou em um saco. Foi assim que eu soube onde estava o corpo”, afirmou.

A Polícia Civil ainda não confirmou oficialmente as circunstâncias da morte nem o estado em que o corpo foi encontrado.

Famílias lotam IML em busca de informações

Desde a manhã desta quarta-feira (29), famílias se concentram na sede do Detran, ao lado do Instituto Médico Legal (IML), na tentativa de reconhecer os corpos. O clima é de desespero, choro e revolta.

A Defensoria Pública do Estado montou uma estrutura emergencial para auxiliar no processo de identificação e oferecer apoio jurídico e psicológico aos parentes.

Entre os que ainda aguardam notícias está Aline Alves da Silva, que procura o irmão, Alessandro. Segundo ela, a família está há horas sem informações. Testemunhas relatam que muitos corpos apresentam marcas de tiros na nuca e facadas.

Balanço da operação

Batizada de Operação Contenção, a ação envolveu cerca de 2.500 agentes das forças de segurança. De acordo com o governo do Rio, o objetivo era combater o Comando Vermelho, facção que atua nas comunidades da Penha e do Alemão.

O balanço oficial aponta 119 mortos, sendo 115 moradores das comunidades e quatro policiais, 113 presos e 10 adolescentes apreendidos. A operação resultou ainda na apreensão de mais de 90 fuzis, toneladas de drogas e rádios comunicadores.

O governo do Rio de Janeiro classificou a ação como bem-sucedida e afirmou que criminosos utilizaram drones armados para atacar os agentes.

Especialistas criticam ação e apontam falhas graves

Pesquisadores e especialistas em segurança pública criticaram a operação, classificando-a como um massacre sem precedentes.

“É algo completamente sem precedentes, talvez a operação mais irresponsável da história do Rio”, afirmou Pablo Nunes, diretor do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec).

A professora Jacqueline Muniz, da Universidade Federal Fluminense (UFF), também questionou o planejamento da ação. Segundo ela, a concentração de milhares de agentes em uma única área deixou outras regiões da cidade vulneráveis.

“Não houve integração entre os órgãos nem uma central de crise. Foi uma operação isolada e sem coordenação”, avaliou.

Polêmica Paraíba

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