A Anatel vem realizando várias ações para coibir o uso de produtos não homologados no país, que acabam alimentando uma cadeia de pirataria envolvendo TV boxes piratas e conteúdo reproduzido ou transmitido ilegalmente em sites e canais na web. E uma das ações foi mais um estudo que a analisa a existência de backdoor (um método não documentado de comunicação) em aparelhos de streaming.
De acordo com superintendente de Fiscalização da Anatel, Hermano Tercius, um grupo multidisciplinar de trabalhos testou várias TV boxes vendidos em comércios populares em duas etapas. E, com o apoio obtido junto a associações da TV paga, Agência Nacional do Cinema (Ancine) e Polícia Federal, a equipe identificou a existência de backdoors abertos por meio de aplicativos Android.
Os softwares encontrados nesses dispositivos, segundo Tercius, permitem o acesso a todos os sinais ligados na rede, assim como dados pessoais que trafegam no roteador. “Foi o risco que conseguimos identificar, confirmando o que a indústria já falava há algum tempo”, disse, em entrevista ao Tele.Síntese.
Além disso, as TV boxes analisadas podem ser utilizadas como “robôs” em campanhas de negação de serviço (ou DDoS, em inglês), orquestradas remotamente por cibercriminosos contra páginas, plataformas, serviços ou redes que normalmente possuem milhões de usuários. “Por seu baixo custo, capacidade de processamento restrita, a caixinha consegue se juntar a milhares de outras em funcionamento no país para fazer um ataque de negação de serviço em conjunto”, afirmou.
Outras TV boxes piratas estão em estudo
A Anatel já havia identificado a existência de malwares no modelo de TV box da HTV, em dezembro do ano passado. O resultado desse novo estudo confirma a existência de backdoors. Tercius adiantou que mais testes vêm sendo realizados com outras marcas, e os resultados devem ser divulgados até o final do ano.
O superintendente da Anatel também diz que a preocupação sobre esses itens atuando livremente com backdoors pelo país ameaçam até mesmo as redes de telecomunicações do Brasil. “Essa é uma questão de segurança nacional, inclusive”, complementou.
Terra