Quando um país se torna um fornecedor para o mundo, monopolizando mercados para si, algo de bom ou de ruim está acontecendo. Depende de como tal monopólio é utilizado. Para os Estados Unidos, a avassaladora presença da China nas economias de pelo menos 60 países (a chamada Rota da Seda) tem sido vista com preocupação. Preponderância econômica, enfim, gera dependência que, por sua vez, abre portas para uma influência militar, na visão do atual governo americano.
Os Estados Unidos confirmam abertamente tais preocupações, conforme afirmou o Secretário de Estado americano, Rex Tillerson, em sua última viagem pela América Latina, no início do mês.
Tillerson fala com conhecimento de causa. Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos monopolizaram vários setores da economia mundial, aproveitando-se do fato de que países estavam em reconstrução.
E, no rastro desta influência, vieram o fortalecimento militar americano, o desenvolvimento da indústrias de armas (até mesmo indústrias automotivas se adaptaram para a fabricação de armamentos na guerra mundial) e influência, na maioria das vezes indireta, em governos de nações temerosas em contrariar os interesses da nova potência do século 20.
Anualmente, o governo americano tem monitorado o poderio militar chinês. Desde 2010, a China aumenta em cerca de 10% os investimentos em tecnologia armamentista, tendo reduzido apenas em 2017, quando o gasto cresceu 7%, ainda uma alta significativa.
Segundo o Stockholm International Peace Research Institute, os Estados Unidos são o país que mais investe no setor militar, tendo chegado, por exemplo, a gastos de 611 bilhões de dólares em 2016 (3,3% do PIB). O segundo país que mais investe é a China, que direcionou 215 bilhões de dólares para o setor no mesmo ano (1,9% do PIB). A situação, de certa maneira, tem se configurado uma corrida armamentista, ainda velada.
China e o domínio
Está claro em memorandos do Pentágono, considerados pelo governo chinês exagerados e distorcidos, que os Estados Unidos estão alardeando a possibilidade de a China buscar um domínio mundial e se tornar a principal potência hegemônica no futuro. Num deles, o Departamento de Defesa americano declarou:
— Os EUA continuarão monitorando a modernização militar da China e continuarão adaptando suas forças, abordagens, investimentos e conceitos operacionais para garantir sua capacidade de proteger a pátria, aliados e parceiros, conter a agressão e garantir a paz na região, a prosperidade e a liberdade.
Em relação à produção de riquezas, será quase impossível evitar que a China se torne o país com o PIB nominal mais alto do mundo a partir de 2030. Para o economista Chau Hue, mestre em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas, o volume de exportações chinesas será um dos fatores que farão a China ultrapassar os Estados Unidos neste quesito.
— Isso deverá acontecer por causa do tamanho, do ritmo de crescimento da China. Os Estados Unidos são um país de custo alto, não conseguem exportar tanto. O PIB chinês ainda possui bastante espaço para crescer, pois a produtividade – que é uma variável que contribui para o crescimento do PIB – ainda tem espaço para subir mais na China do que nos EUA. A expectativa entre economistas é de que o PIB da China pode superar a dos EUA entre 2030 ou 2050.
Potência regional
Em paralelo, a China tem construído instalações militares no Mar do Sul, uma região disputada por seis países, mas que o governo chinês considera seu próprio território.
R7