As ações da Petrobras operavam em baixa até as 12 horas, no pregão da Bolsa brasileira (B3), nesta segunda-feira (8/4). As preferenciais (sem direito a voto em assembleias de acionistas) registravam recuo de 0,20%. As ordinárias (com direito a voto) caíam 0,56%. Às 13 horas, contudo, ambas haviam revertido a tendência de baixa e passaram a apresentar valorização. Elas subiam, respectivamente, 0,37% e 0,15%.
Mais uma vez, os papéis da estatal têm oscilado fortemente. Algo que vem ocorrendo desde a semana passada, quando recrudesceram os rumores sobre o que seria a “queda iminente” de Jean Paul Prates, o atual presidente da companhia. Em seu lugar, assumiria Aloizio Mercadante, atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Esse burburinho sobre a queda de Prates aumentou quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião para tratar do assunto no Palácio da Alvorada, no domingo. Foram convocados para o encontro os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assim como o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom). Prates não foi chamado.
Haddad chegou a antecipar a volta a Brasília para participar da reunião, mas o presidente Lula, contudo, a cancelou. Ele teria ficado insatisfeito com o vazamento sobre a ocorrência do encontro, que tinha até então um caráter reservado. O presidente e o ministro, no entanto, têm encontro agendado para o fim da tarde desta segunda-feira. Há forte expectativa que a conversa sele, formalmente, o futuro de Prates no comando da Petrobras.
Descontentamento
Dentro do governo, o descontentamento em relação Prates é capitaneado pelos ministros Silveira, de Minas e Energia, e Costa, da Casa Civil. Isso não quer dizer, porém, que eles sejam os únicos opositores. Contra o atual presidente da companhia, pesariam questões que vão da suposta falta de apoio da estatal ao desenvolvimento da indústria naval brasileira ao preço do querosene de aviação, que estaria elevado, segundo tais críticos.
Dividendos
Nas últimas semanas, contudo, o eixo da discórdia concentrou-se no pagamento de R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários aos acionistas da empresa. Há tempos, o governo e o PT vêm questionando o valor desses desembolsos – embora, como maior acionista, a administração federal seja a principal beneficiária desses repasses.
A diretoria da Petrobras, que tem Prates como líder, enviou ao Conselho de Administração da estatal uma proposta para pagar 50% do valor. A outra metade da quantia seria retida pela estatal. Mesmo assim, a sugestão não apaziguou seus opositores. O mercado queria que a quantia inteira fosse despachada para os acionistas.
O Conselho de Administração decidiu segurar toda a bolada em um fundo de reservas. Segundo o estatuto da companhia, ele deve ser usado para remunerar os acionistas ou, se necessário, cobrir eventuais prejuízos da empresa. A proposta ainda precisa ser aprovada pela Assembleia Geral Ordinária, que reúne os acionistas da Petrobras, em 25 de abril.
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