“Ouvindo um alerta aéreo lembre-se de que o menor descuido seu deixando uma luz visível pode fazê-lo a primeira vítima de uma grande catástrofe”. A frase faz parte de um cartaz da década de 40, quando a cidade de Natal era obrigada a ter blackouts à noite para não sofrer ataques aéreos por abrigar bases naval e aérea norte-americanas durante a Segunda Guerra. Fatos como esses estão registrados na websérie ‘Homi Deixe de Guerra’, que conta fatos históricos e curiosidades sobre a participação do Rio Grande do Norte no conflito. Os vídeos fazem parte do projeto Natal & Parnamirim Field na Segunda Guerra e são produzidos pelo Sebrae no Rio Grande do Norte.
A cada semana, é publicado no canal do Sebrae no YouTube e na página do projeto (www.segundaguerra.com.br) um novo episódio da série, sempre trazendo um recorte da história da cidade à época e da presença dos soldados combatentes norte-americanos em solo potiguar. Até agora, foram veiculados sete vídeos. O primeiro trata da participação da cidade no conflito e do pioneirismo de Natal na aviação desde 1927, quando o piloto e escritor francês Paul escolheu a região para construir um campo de aviação que serviu de parada para os voos entre Paris e Buenos Aires. Até os alemães da Lufthansa passaram a sobrevoar o Atlântico passando pelo Rio Grande do Norte.
Já o segundo episódio da websérie destaca o icônico episódio do encontro entre Getúlio Vargas e Franklin Delano Roosevelt em Natal, cena que ficou famosa por retratar a risada do presidente dos Estados Unidos a bordo de um Jipe na Rampa. A presença de estrelas mundiais e famosos em Natal para alegrar e levantar o moral dos soldados que estavam na cidade é foco do terceiro episódio. O vídeo ressalta os bailes, clubes e festas ao som das big bands e jukeboxes que passaram a animar cidade e como a influência em toda a cultura local, inclusive no modo de falar. Expressões, como ‘ok’, ‘bye, bye’ e ‘oh yeah’, foram incorporadas ao modo de falar local.
O quarto vídeo destaca um dos mais imponentes ícones da presença das tropas americanas no cotidiano da cidade, o Grande Hotel. O empreendimento foi arrendado em maio de 1939, mas só começou efetivamente a funcionar em setembro daquele ano. Os primeiros norte-americanos que chegaram a cidade foram os técnicos da ADP, com a função especifica de trabalhar no desenvolvimento de Parnamirim Field e foi para o Grande Hotel que eles se dirigiram em busca de algum conforto. Logo o inglês, depois do português, passou a ser o idioma mais falado nos bares, restaurantes, boates e no comércio local.
Todos os vídeos podem ser conferidos no site do projeto, que traz um mapeamento completo de pontos de interesse turístico relacionado à Segunda Guerra em Natal. Todo o levantamento está reunido em um portal em quatro idiomas (Inglês, Francês, Espanhol e Português), que além do mapeamento dos pontos históricos, traz também personagens e fatos curiosos relacionados ao tema, como o caso do açúcar nos tanques de combustível, o rasante no desfile de 7 de setembro e do espião preso em Jacumã.
Além desse levantamento, feito por historiadores da Fundação Rampa e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, o projeto criou governança ao chamar os principais interessados no tema para debater o assunto e desenvolveu os estudos de viabilidade técnica e econômica do aeroporto Augusto Severo, que será transformado em um Centro Cultural, e do Museu da Rampa.
Além disso, vai utilizar a tecnologia de realidade aumentada para criar mais atrativos nos principais equipamentos turísticos ligados à participação na Segunda Guerra. Monumentos, como a rampa, terão pontos de realidade aumentada em que o turista ao apontar a câmera do smartphone poderá fazer fotos em meio a jipe e soldados virtuais.