No momento em que a sociedade potiguar se mostra perplexa diante dos escândalos envolvendo a existência de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e da proliferação das crises econômica, política e moral que assolam o Brasil, o vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grane do Norte (FIERN), engenheiro Silvio Bezerra, está distribuindo em grupos de WhatsApp um manifesto através do qual convoca a sociedade a sair das zonas de conforto e a reagir contra as situações que “sobrecarregam os combalidos cofres públicos, deteriorando nosso dia a dia de diversas formas”. Segue abaixo o Manifesto:
Temos que fazer acontecer!
Nunca vivi um período de tantas crises, econômica, moral e política, para ficar nas mais evidentes. As causas para tantos problemas são objetos de análises em todas as redes sociais e grupos de WhatsApp. Estou entre os que compartilham da tese de que as raízes das nossas mazelas são mais profundas e fincadas em traços culturais e educacionais.
Não gosto de generalizar, mas me arrisco a dizer que a grande maioria das pessoas hoje em dia, têm uma certa tendência ao individualismo, a privilegiar seus objetivos pessoais em detrimento do coletivo. Além disso, muitos ainda se orgulham de cotidianamente usar do “jeitinho brasileiro” ou da “Lei de Gérson”, onde saber levar vantagem em tudo, mesmo que infringindo regras, ou atropelando terceiros é sempre motivo de orgulho. Antigamente o ‘jeitinho brasileiro’ era visto como uma forma de capacidade criativa para superar situações inusitadas. Hoje toda essa “criatividade” nos envergonha, prejudica pessoas e a imagem da nação.
Reclamamos tanto da carga tributária, mas involuntariamente ignoramos o desperdício de milhões em recursos públicos com funcionários improdutivos e até fantasmas. Reclamamos tanto da corrupção em Brasília e muitas vezes não nos indignamos quando ela aparece aqui, pelas mais diversas questões: conveniência, amizade ou temor?
Precisamos sair das nossas zonas de conforto, efetivamente. A hora é de mudar de comportamento e tomar atitudes que possam combater com vigor a corrupção, as extorsões, as perseguições, a conivência, a incompetência e até a pobreza de pensamento de grande parte dos nossos líderes. Somos de uma geração realizadora, acostumada a desafios e a muito trabalho, onde os espaços são conquistados a muito esforço. O que acontecerá se nada for feito agora? Que legado queremos deixar para as gerações seguintes?
Não vejo como melhorarmos como sociedade sem encararmos de frente nossos problemas e sem produzirmos esforços para resolvê-los. Engana-se quem espera a chegada de um “salvador da pátria” como solução para todos os nossos problemas. A solução está sim, na união de todos, independentemente das suas atividades profissionais, livres de qualquer preconceito de classes e priorizando o todo, o coletivo.
A hora é de atitude, de concerto. É buscar fazer melhor, com menos, com quem trabalha. Diferente disso é pactuar com zonas de conforto que sobrecarregam os combalidos cofres públicos e, consequentemente, deteriorando nosso dia a dia de diversas formas. Precisamos acordar!! É inaceitável que em pleno século 21 ainda haja “autoridade autoritária”, que pense que detém a exclusividade da honestidade do mundo em detrimento de outros profissionais. Ser ou não ser honesto é inerente ao ser humano e não a uma atividade profissional.
Atribuir toda essa responsabilidade apenas à classe política seria ingênuo, se não fosse inútil ou desonesto. Não que os políticos não tenham responsabilidade nesse contexto. Têm, sim, e muita. Mas não adianta apenas esperar por eles, se não acompanharmos de perto sua atuação e se não cobrarmos um desempenho à altura dos postos que ocupam. Todos os nossos lideres, sejam políticos, empresariais, comunitários, sindicais, estudantis, etc. Incluindo nós mesmos temos, direta ou indiretamente, uma parcela de responsabilidade nisso tudo, nem que seja por omissão.
Não há outro caminho, senão aprimorarmos nossa consciência social e exercermos nossa cidadania na plenitude. Exigir nossos direitos e, também, cumprir nossos deveres! Simples assim!
Os poderes públicos estão diante de uma oportunidade única de demonstrar novas atitudes diante de tantos problemas. É preciso dar um basta nisso tudo! O momento pede atitudes de austeridade de todos os nossos líderes! Quem fizer isso terá o eterno reconhecimento de toda a sociedade.
Estou convicto de que não dá mais para ficar inerte, fazendo vista grossa ao que está acontecendo. O que precisamos todos nós, potiguares e brasileiros, é criarmos de uma vez por todas essa consciência de que juntos temos alguma chance.
Acredite, nós não viemos aqui pra passar em branco!
Eu quero que tudo isso mude! E você?
Silvio Bezerra Engenheiro Civil e empresário,
Presidente da Ecocil Incorporações
e Vice Presidente da FIERN