Aeroporto de JPA vira melhor opção para Natal; entenda
O aeroporto que atende à capital potiguar, mas fica no município de São Gonçalo do Amarante, a 50 quilômetros de Natal, perde movimento a cada ano. Em comparação a 2013, último ano de funcionamento do antigo Aeroporto Augusto Severo, a perda de passageiros-ano já chega a 200 mil. As altas tarifas aéreas estão fazendo a própria população potiguar “desistir” do Aeroporto Internacional Aluízio Alves, inaugurado às pressas poucos dias antes da Copa do Mundo de 2014.
Vale ressaltar que, desde a abertura do equipamento, os turistas que viajam para a Praia da Pipa quase sempre optam por chegar através do aeroporto de João Pessoa, que fica mais próximo do badalado vilarejo potiguar do que São Gonçalo do Amarante. Atualmente, some-se a esta menor distância geográfica os preços das passagens aéreas mais em conta para a Paraíba. A fase é preocupante para o turismo potiguar.
O presidente da Abav-RN, Abdon Gosson, é uma dos mais revoltados com a atual situação. “As passagens aéreas para Natal continuam, inexplicavelmente, de 40% a 60% mais caras do que as praticadas em capitais próximas a Natal, como João Pessoa e Recife. Ás vezes chegam a picos de 100% e até 200% mais caras. É uma maldade! Os agentes de viagens, atualmente, dão três opções de chegada e saída para quem vem ou sai do Rio Grande do Norte: via Natal, que é o óbvio; por João Pessoa, que tem sempre os melhores preços; e através do aeroporto de Recife. Em certos casos, o passageiro opta até por Fortaleza, se compensar. Estou falando de voos nacionais e internacionais. É triste a realidade do Turismo em Natal, tanto o emissivo como o receptivo”, reclama.
Gosson enfatiza que, além dos grupos de WhatsApp que compartilham viagens de Natal para o aeroporto de João Pessoa por incríveis R$ 50 (mais barato do que um táxi para o São Gonçalo do Amarante), há um verdadeiro comércio ambulante de produtos e serviços turísticos do Rio Grande do Norte no aeroporto Castro Pinto.
“É inacreditável. Há muitos motoristas oferecendo transfer para Natal. O pessoal mais idoso não topa essas aventuras. Acaba deixando de sair da capital potiguar para viajar, ou mesmo de vir para cá fazer turismo. Fica cansativo pegar carro, estrada, enfrentar tempo de espera no aeroporto e depois três horas de voo. O que assistimos no Rio Grande do Norte, por conta desse gargalo aéreo que aumentou com a saída da Avianca Brasil, é o enfraquecimento de uma cadeia produtiva responsável por 120 mil empregos diretos no setor no Estado”, avalia.
Soluções estão voando…
Apesar das visitas constantes nos últimos cinco anos às diretorias das companhias aéreas, tanto do ex-secretário de Turismo do RN, Ruy Gaspar, como da atual titular da pasta, Ana Maria Costa, ainda não houve solução para o imbróglio. Por que as passagens aéreas são bem mais caras para Natal? Por que o número de frequências não se amplia?
Em contrapartida, comenta o presidente da Abav-RN, “o load factor de Gol, Latam e Azul nas operações para São Gonçalo do Amarante certamente é superior a 95%. Os voos saem e chegam sempre superlotados”.
Soluções? Estão voando. O próprio presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, que fez palestra no Fórum de Turismo do RN, em março, em Natal, afirmou que reconhece o problema. Mas não explica nem justifica o entrave na malha aérea.
Natal, na verdade, está quase “ilhada”. É cada vez mais caro sair ou chegar à capital potiguar. E o fato se agrava com a perda de dois voos da Avianca Brasil, para São Paulo-GRU e Brasília, há dez dias. Para a capital paulista, Rio de Janeiro e Brasília, Natal conta com apenas oito operações diretas e diárias da Gol e cinco da Latam, já que a Azul só voa diariamente (sem escalas) de São Gonçalo para Recife através de quatro frequências diárias em ATR-72, que fazem a distribuição dos passageiros através do hub do aeroporto da capital pernambucana.