A venda do Colégio CEI Romualdo para a empresa Somos Operações Escolares, negociação já divulgada pela imprensa, tem sido motivo de desconforto para a comunidade escolar que integra a instituição de ensino, especialmente os pais de alunos, preocupados com o futuro do estabelecimento, um dos mais conceituados do Rio Grande do Norte.
Segundo confidenciaram alguns pais de alunos ao BLOG DO FM, a comunidade escolar está apreensiva com relação ao que vai acontecer com a metodologia da escola, e sobre qual o sistema educacional que será usado. A dúvida reside no fato de o grupo “Somos Educação” ser detentor de diversas marcas ligadas a educação, entre elas, duas que já passaram uma temporada em Natal, tais como Anglo e GEO.
Embora não tenha sido confirmada pelo grupo que adquiriu o CEI Romualdo, a troca de nome da tradicional instituição de ensino também é cogitada nos bastidores. Informações não oficiais apontam que a escola passaria a chamar-se de “Colégio Motivo”. Essa estratégia, aliás, já foi utilizada em recentes aquisições de instuições de ensino realizadas pelo grupo “Somos Educação”.
A preocupação é válida, pois são muitos anos de tradição e de uma metodologia de qualidade comprovada nas escolas CEI.
GRUPO ADQUIRE 51% DO CAPITAL
Segundo noticiou o jornal O GLOBO na última quarta-feira, 7, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a compra de 51% do capital social do Centro de Educação Integrada (CEI) pela Somos Operações Escolares, empresa do Grupo Tarpon. O parecer foi publicado no site do Cade. O controle do CEI, atualmente, é detido por pessoas físicas.
A Somos é uma holding integrante do Grupo Tarpon, subsidiária integral da Editora Ática, que atua como prestadora de serviços educacionais.
1 Comentário
Dois anos depois da operação, sinto-me seguro o bastante para, enfim poder emitir um juízo de valor quanto à esta mega operação que foi um marco na história da educação do RN.
Meus filhos estudam nesta escola há quase uma década e sempre fomos, eu e minha esposa, pais muito presentes e ativos no percurso de cada um deles, de modo que percebemos substanciais diferenças entre o antes e o depois da venda do Cei Romualdo para o grupo Somos educação.
Tomarei como referencia para a minha breve análise, o período entre os anos de 2016 e 2020 (2 anos antes e após a venda da escola para os investidores). Neste período, percebemos enquanto pais e alunos (reproduzindo aqui as observações dos meus filhos), que tanto os professores, quantos os coordenadores e direção, recuaram diante da nova conjuntura assumindo um papel passivo diante daqueles que, com extremo senso de oportunismo, perceberam que, com a mudança de propriedade, as relações profissionais seriam profundamente alteradas naquele que era a melhor escola do nosso Estado.
Antes (e até o ano de 2018) disciplina, rigidez e respeito a professores e funcionários, apesar de raros episódios, eram uma regra de ouro na escola. Depois disso, são lamentáveis os episódios nos quais alunos socam-se na sala de aula, socam coordenadores e desafiam gestores sem sofrer uma sanção disciplinar que desencoraje outros a tomar o mesmo partido.
As colas em avaliações e nas tarefas enviadas para casa, agora são lei. Claro que antes já existiam, porém, de 2018 para cá, quando o professor percebe tal postura do aluno, se ele o denunciar, será punido com a demissão, dando a entender que “se a mensalidade estiver paga, o aluno pode tudo”.
Esta escola perdeu alguns excelentes professores nos últimos anos porque os mestres que há tantos anos serviam aos propósitos da escola, combatendo a cola, o plágio e a ausência de comprometimento e respeito às demandas escolares, foram expostos e sumariamente demitidos ao confrontar uma pequena parcela muito influente no seio desta comunidade.
Hoje percebo que meus filhos esforçam-se menos para concluir suas tarefas pois eles perceberam que na escola, “manda quem pode, obedece quem tem juízo” (sic), segundo circula à boca miúda entre os grupos de whats app das turmas em que meus três filhos estão matriculados no EF I, EF II e EM. Ainda segundo eles, os professores, assustados com as demissões, não cobram mais o plágio nas tarefas e fazem concessões antes inadimissíves nas correções das avaliações para não se expor com altos índices de recuperação e/ou reprovação.
Como pai, percebi nas últimas reuniões com os mestres, um certo constrangimento sempre que perguntava sobre a demissão de alguns professores que eram (e são) de altíssimo nível, mas que foram demitidos por “bater de frente” com a nova política da escola.
Por falar em “nova política da escola”, apesar de perceber o seu peso, esta jamais foi assumida pelas coordenações a quem me reportei perguntando quais eram as novas diretrizes, sobretudo para o trabalho do professor.
Em suma, percebo, como pai de aluno e como observador da comunidade que, após a chegada da Somos, o CEI mudou muito, mas infelizmente a mudança não nos parece muito segura, apontando para um futuro incerto. Não duvido que a escola vá se manter financeiramente. O seu modelo administrativo é impecável, exemplar, no entanto o modelo pedagógico está apontando para um horizonte no qual já me preparo para assumir mensalidades em universidades particulares tão logo comece a derrocada da escola nos rankings de acesso à UFRN.