Terminou em tumulto a sessão conjunta da Câmara em que o ministro Sergio Moro (Justiça) prestou esclarecimentos sobre as conversas com integrantes da força-tarefa da operação Lava Jato, nessa terça-feira, dia 2. Depois de quase 8 horas de debates, Moro foi chamado de “juiz ladrão” pelo deputado Glauber Braga (Psol-RJ) e deixou o local aos gritos de “juiz ladrão e fujão” . A audiência, então, foi encerrada pela deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), que comandava os trabalhos no momento da confusão.
“A história não absolverá o senhor. Da história, o senhor não pode se esconder. E o senhor vai estar, sim, nos livros de história. Vai estar nos livros de história como um juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão. É isso que vai estar nos livros de história”, disparou Braga, depois de comparar Moro a um árbitro de futebol que ajuda um time a ganhar e depois passa a integrar a diretoria deste time.
“A população brasileira não vai aceitar como fato consumado um juiz ladrão e corrompido que ganhou uma recompensa para fazer com que a democracia brasileira fosse atingida. É o que o senhor é. Um juiz que se corrompeu e, apesar dos gritos, um juiz ladrão”, acrescentou o congressista.
Após a declaração de Glauber Braga, os demais congressistas começaram a gritar e se dirigiram à Mesa. Professora Marcivânia, que presidia a audiência no momento, chegou a dizer que “o deputado tem liberdade de expor seu posicionamento”: “Não foi palavra de baixo calão”. Depois, acabou voltando atrás e pediu que a expressão “juiz ladrão” fosse retirada das notas taquigráficas da sessão.
Moro, então, deixa o local, aos gritos de “ladrão” e “fujão”. Marcivânia ainda tentou retomar o interrogatório, mas acabou desistindo e encerrando a sessão.
A sessão com o ministro começou às 14h19 e terminou às 21h50. Na audiência, Moro reafirmou não ter orientado os trabalhos da Lava Jato enquanto era juiz e disse que se tivesse “se omitido” durante a condução da operação, não sofreria “os ataques que sofre atualmente”.
Antes da audiência na Câmara, Moro já havia prestado esclarecimentos ao Senado, em 19 de junho, por conta das conversas vazadas. Nas duas sessões, ele afirmou que conversas entre juízes e procuradores são comuns e que existem pessoas interessadas em interromper os julgamentos derivados da Lava Jato.
Com informações: Poder360