
Em São Bento do Norte, município potiguar a 154 km de Natal, “procura-se profissional com formação técnica em mecânica, elétrica ou mecatrônica para atuar em parque eólico, que possua habilidade para trabalhar em locais altos e desafiar condições climáticas”.
Em Assu, há vaga para supervisor (a) de construção civil, “com curso superior em engenharia civil ou de técnico/tecnólogo com experiência na função e, de preferência, especialização em energias renováveis ou energia solar”.
Publicados este mês por empresas transnacionais de energias renováveis para o Rio Grande do Norte, os anúncios se somam a um universo crescente de oportunidades na área com uma exigência básica nos processos seletivos: a qualificação técnica ou superior para entrar em campo.
O perfil profissional demandado pela atividade, porém, é amplo, como mostra uma análise publicada nesta segunda-feira (14), pelo Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), sediado em Natal e principal referência do SENAI no Brasil em educação profissional com foco no setor.
Os dados levam em conta a demanda por capacitação apresentada ao Centro entre 2021 e o primeiro bimestre de 2022 por empresas brasileiras e transnacionais, assim como vagas de empregos anunciadas para o Rio Grande do Norte por companhias como Engie Brasil, Vestas, AES Brasil, Siemens Gamesa, CPFL Renováveis, GE Renewable Energy e a norueguesa Scatec, em páginas próprias ou em plataformas como LinkedIn, Catho e Google Vagas.
O resultado é o retrato do que as empresas mais buscam para empreendimentos que estão implantando ou operam hoje.
Mercado
“São informações que confirmam as formações técnica e superior como as mais desejadas no mercado. E elas também mostram que profissionais de engenharia ou de nível técnico em áreas como instrumentação, segurança do trabalho, mecânica, eletrotécnica, mecatrônica e eletromecânica seguem firmes no radar das companhias que estão contratando”, descreve Rodrigo Mello, diretor do CTGAS-ER e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
“Nós estamos falando de uma atividade que trabalha com tecnologia de ponta, com grandes evoluções nos últimos anos na potência e no desempenho dos equipamentos, o que exige que a busca por qualificação ande junto”, acrescenta, ressaltando “a perspectiva de uso de muita mão de obra nos diversos momentos da implantação e operação dos empreendimentos”.
O campo de atuação na área é vasto, lembra Mello. E números sinalizam que a tendência para o emprego é de crescimento.
Maior produtor de energia eólica em terra e considerado uma das zonas mais promissoras no Brasil para investimentos no offshore, a geração de energia com parques eólicos no mar – cujos primeiros projetos estão à espera de licenciamento – o Rio Grande do Norte tem mais de 4,31 mil Megawatts em usinas eólicas com previsão de entrada em operação comercial até o ano 2027, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Atualmente, são mais de 6 mil MW já operando. E dados da Aneel apontam que o estado continua puxando, em 2022, a expansão da matriz energética brasileira.
Com relação ao emprego, a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) estima que para cada novo MW instalado 15 empregos diretos e indiretos são gerados. Estudo da GIZ, empresa do governo alemão que executa projetos de cooperação técnica no Brasil focados em desenvolvimento sustentável, aponta, por sua vez, que mais de 1 milhão de empregos serão gerados pelo setor no país até 2038, com maior concentração no Nordeste.
No campo da energia solar, o governo potiguar anunciou esta semana que a Scatec vai construir no estado o maior empreendimento global da companhia na área da energia solar e que a construção deverá gerar 1.200 empregos diretos e indiretos.


