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Usuários sofrem com problemas no transporte público de Natal há mais de 45 anos

AVENIDA RIO BRANCO. FOTO-ARQUIVO TRIBUNA DO NORTE

A crise no transporte público de Natal, que parece ganhar novos contornos a cada dia que passa com a retomada das atividades na melhora do cenário pandêmico, segue sem um panorama positivo a curto e médio prazo. Enquanto Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) corre para colocar uma licitação na praça ainda em 2022, ao passo que o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Natal (Seturn) cobra subsídio de tarifa e isenção fiscal, o judiciário, via Ministério Público e Defensoria Pública travam guerra de liminares para o retorno da frota pré-pandemia.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE mergulhou no arquivo do jornal mais antigo do Estado para garimpar como as páginas da TN relatavam a situação do transporte público nas últimas décadas.

Os temas das discussões do transporte público eram, há 45 anos, essencialmente, os mesmos: reajustes, frota envelhecida, tarifa defasada e redução de linhas e fluxos, situações que nunca foram efetivamente resolvidas pelo Poder Público e empresários.

Reajuste cobrado sem autorização em 1977

Em 21 de agosto de 1977, a reportagem “Em problema da Prefeitura e ônibus quem paga é o usuário”, a reportagem denunciava que as empresas de transporte estavam cobrando pela nova tarifa sem que o decreto tivesse sido publicado no Diário Oficial do Município. O Departamento de Concessões de Trânsito (Detran) prometeu aplicar multas à época. Naquele ano, as tarifas saíram de Cr$ 1,20 para Cr$ 1,40 e de Cr$ 1,50 para Cr$ 1,80 praias de Redinha e Ponta Negra. As passagens expressas saíram de Cr$ 2,30  para Cr$ 2,80.

“O secretário executivo do Sindicato das Empresas de Transportes do Passageiros, José Milton Lavor, disse […] quantos às multas que o Detran prometeu aplicar pela cobrança irregular, informou que ainda não recebeu os autos de infrações, nem sabe se o Sindicato irá apelar com uma ação em favor dos empresários, podendo até mesmo chegar a um acordo”.

Sindicato reclamava de defasagem em 1981

Assim como nos dias atuais, os empresários do transporte urbano de Natal já cobravam aumento nas tarifas alegando defasagem e altos custos para operar o sistema. A reportagem “Aumento de passagens tem exame pelo CIP”, do dia 06 de janeiro de 1981, detalhava reunião do Conselho Interministerial de Preços (CIP). O reajuste era de 40%.

“Mesmo reafirmando que o percentual de 40% solicitado ao CIP era apenas para ajustar a passagem e não um aumento, os empresários do setor de transportes coletivos esperam que o índice autorizado pelo CIP atenda às Empresas, uma vez que estes alegam ter nesses últimos meses subsidiado componentes de manutenção dos veículos, além do combustível, que sobe pela segunda vez”, relata jornal da época.

Frota reduzida de ônibus já era um problema que já assolava os usuários do transporte de Natal em 10 de janeiro de 1987. A reportagem “Transporte urbano preocupa” trazia entrevista do então prefeito Garibaldi Filho, informando que a capital precisava de pelo menos 50 ônibus para atender melhor os natalenses.

“Os empresários dizem não poder investir no setor e temos que solucionar o problema”, disse Garibaldi. A crise, à época, já era discutida entre prefeitos de outras capitais. Natal, à época, subsidiava o preço da tarifa em Cz$ 650 mil/mês para evitar o reajuste. No dia 30 de janeiro, nova reportagem “É muito grave crise no transporte público” mostrava que as empresas de Natal estavam com dificuldades pára comprar peças, como pneus, chassi, além dos veículos.

“Uma carta-pedido enviada pelas empresas de ônibus de Natal à Mercedez Benz indicava que a necessidade era de 100 veículos do tipo urbano, mas somente 40 ônibus chegaram em 1986”, registrava a matéria

Circular pago em 2006 gerou polêmica

Medida que quase chegou a ser implementada no final de 2021, a cobrança da tarifa no Circular do Câmpus da UFRN (que era gratuito), mobilizou centenas de estudantes em 2006, conforme noticiou a TN em 11 de maio na matéria “Estudantes protestam contra tarifa”. À época, além da cobrança na tarifa do circular, os estudantes também reclamavam da falta de licitação.

O novo projeto, à época, mudava a rota do circular, que rodaria o Campus e sairia na altura do Nordestão de Cidade Jardim, passando pela estação do Mirassol, até o complexo viário do quarto centenário. Na volta o ônibus pararia na estação implantada na calçada do supermercado Carrefour.

“Em abril, o chefe do Departamento de Estudos e Projetos da STTU, Flávio Nóbrega, confirmou em entrevista para a TN que “o sistema que integra o circular e as estações de transferência justificam a cobrança, pois os usuários, ao desembarcar nas estações têm à disposição linhas de ônibus para todos os pontos da cidade””, diz trecho da matéria.

“E esse é um serviço que beneficia tanto os estudantes da UFRN quanto de escolas públicas que precisam fazer pesquisas e usar a biblioteca da universidade”, explicou Olavo Fernandes, estudante da UFRN à época. O circular continuou gratuito.

TRIBUNA DO NORTE

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