Durante o diálogo em que convence o marido e cúmplice no desvio de dinheiro dos precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), George Leal, a aceitar a delação premiada oferecida pelo Ministério Público, a ex-chefe do setor, Carla Ubarana, afirma que precisa “jogar” desembargadores Rafael Godeiro e Oswaldo Cruz, para se livrar da prisão.
“A única forma, que é possível da gente sair dessa é jogar Rafael, jogar Oswaldo”, consta na degravação. Mais à frente, a ex-chefe dos precatórios sugere que pode-se usar nome de qualquer desembargador, para fazer valer a delação.
Quando George expõe que precisa livrar os bens, Carla é enfática sobre sua intenção de acusar os desembargadores. “Pensar nisso aí depois, porque minha preocupação hoje é botar para f… em Osvaldo e Rafael”, esbraveja.
Após mais de quatro anos da Operação Judas, que desmontou o desvio de dinheiro do TJRN, os áudios e vídeos obtidos pela defesa de Osvaldo, até então suprimidos pelo Ministério Público, mostram o diálogo do casal negociando como faria a delação, o que iria dizer e o planejamento para reduzir as penas que o crime lhes imputava.
Entenda o caso
Em janeiro de 2012, veio à tona o escândalo dos precatórios. Carla Ubarana confessou que “criava processos”, para receber pagamentos indevidos do Estado e de prefeituras. Segundo a delação dela, os valores arrecadados pelo esquema seriam divididos entre os envolvidos, que ela apontou como sendo os desembargadores Rafael Godeiro e Osvaldo Cruz, ex-presidentes do TJRN. O prejuízo aos cofres públicos passou de R$ 17 milhões.
Segundo a Justiça, Carla e o marido, George Leal, eram os mentores do crime. Os dois foram condenados, mas estão recorrendo. Em troca da delação premiada, o casal confessou as irregularidades e disse que os dois ex-presidentes do Tribunal de Justiça também eram beneficiários no esquema. Os áudios agora revelados pela defesa de Cruz mostram trama para incluir desembargadores no escândalo dos precatórios.
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