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UFRN cria software que auxilia na gestão do consumo energético de empresas e residências

FOTO: JOSÉ ALDENIR

Com as seguidas alterações nas tarifas, uma despesa que recorrentemente leva dor de cabeça às empresas e ao consumidor é a da energia elétrica. Pensando nisso, uma dupla de programadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) criou um software capaz de auxiliar profissionais a identificar caminhos para uma melhor gestão do consumo de energia, seja em uma residência ou em um estabelecimento empresarial. O Programa de Computador recebeu na última terça-feira 8, o registro para proteção industrial, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) à UFRN.

Denominado Banco de dados relacional para a modelagem computacional do setor elétrico brasileiro em sistemas de gestão de ativos energéticos, o Programa de Computador é fruto da parceria entre os pesquisadores Max Chianca Pimentel Filho e Paulo Ramon Oliveira de Lima. Eles contextualizam que, após o apagão vivenciado pelo país nos anos de 2001 e 2002, a política de gestão da produção e consumo de energia elétrica mudou muito.

 “No lado da produção, inicialmente se investiu em termoelétricas, que apesar de caras e poluentes, garantem uma produção contínua e com pouca dependência de fenômenos naturais. Posteriormente, com viabilidade da produção de energia através da força dos ventos e radiação solar, o país passou a investir massivamente na construção de parques eólicos e usinas solares. No consumo também houve muitas mudanças, principalmente nas regras de comercialização de energia, na sua tarifação e no consumo consciente, evitando desperdícios”, pontua Max Chianca, professor do Departamento de Engenharia Elétrica.

Ele identifica que, embora em uma situação mais confortável que a do início do milênio, há ainda uma necessidade de aumento na capacidade de transmissão para escoar de modo adequado toda energia produzida. Chianca frisa que o software proposto é uma ferramenta desenvolvida para auxiliar a tomada de decisões no consumo. Não por acaso.

“No consumo, no caso de consumidores comerciais e industriais, a tarifa total para o fornecimento é composta por várias parcelas, que podem ser administradas pelo consumidor de modo que ela tenha o menor valor possível. Para a tarifa de energia, por exemplo, pode-se escolher a horosazonal ou a monômia, na qual a primeira é mais cara no horário de ponta, das 17h às 20h, dependendo de cada concessionária, e na segunda o valor da energia é o mesmo durante todo o dia. A escolha da tarifa por parte do consumidor dependerá do seu perfil de consumo horário e de estratégias a serem implementadas. Uma delas seria a escolha da tarifa horozazonal e a utilização de geradores próprios para produzir sua energia no período das 17h às 20h. Diminuir o consumo nesse horário, caso seja possível, também seria uma estratégia. Essas circunstâncias são levadas em consideração pelo software para direcionar as táticas”, explica o docente.

Outros fatores do consumo energético

Ele acrescenta que há ainda outros fatores que os consumidores precisam se atentar. Um deles é a tarifa de demanda, cobrada pela potência máxima consumida no período de tarifação. Neste caso, com base no perfil de consumo da unidade, é estabelecido um valor para demanda contratada. Se o valor escolhido for muito baixo, o cliente pagará uma multa cada vez que este valor for ultrapassado, e se for muito alto, o custo será maior que o necessário. Para esta decisão, deve-se fazer uma análise de perfil de consumo, considerando pelo menos um período de um ano, e estipular um percentual de crescimento para os próximos meses ou anos.

Outro aspecto é a tarifa de excedente de reativos. Nessa, o parâmetro é o fator de potência da unidade consumidora, quando a tarifa só é cobrada quando o fator de potência da unidade está abaixo 0,92 indutivo ou superior a 0,92 capacitivo. “Para evitar o pagamento dessa tarifa, o consumidor deve instalar bancos de capacitores de modo a “corrigir” o fator de potência. Porém, valores baixos na escolha da potência do capacitor podem não fazer a correção completa e valores altos podem gerar custos de excesso de potência reativa capacitiva. Para se determinar o valor correto dos bancos de capacitores, e seu tipo , deve-se fazer um estudo do perfil de consumo de potência ativa e reativa da unidade, e com base nele, determinar o tipo e valor da potência do banco de capacitor”, enumera Max Chianca.

Ele complementa explicando que, para que o programa de computador funcione de modo adequado, ele deverá ser “alimentado” continuamente com os dados de consumo do cliente. “Através dos algoritmos que foram implementados em sua elaboração, irá auxiliar na tomada de decisões. Assim, tem-se como público-alvo empresas que trabalham oferecendo diagnósticos energéticos ou consumidores que decidirem realizar sua própria gestão”.

Agora RN

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