Integrantes da tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro atacaram o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ter pedido à Procuradoria-Geral da República que se manifeste a respeito de pedidos feitos pela oposição de depoimentos e apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro. As críticas ao ministro ocorrem no mesmo dia em que ele deve anunciar se autoriza ou não a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril. E, caso autorize, se permitirá que ele seja visto na íntegra ou parcialmente.
O pedido para divulgação integral do vídeo foi feito pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro como prova, segundo ele, de que o presidente tentou interferir politicamente na Polícia Federal. Bolsonaro pede que apenas o trecho relacionado ao assunto seja liberado.
Novo aliado de Bolsonaro, o ex-deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que cumpriu pena de prisão por corrupção após ter sido condenado no mensalão, chamou os 11 ministros do Supremo de “cavaleiros do apocalipse” que querem “destruir um governo cristão e honesto”.
Roberto Jefferson foi líder da tropa de choque de Fernando Collor até a cassação do presidente. Rompeu com Lula em 2005 ao delatar o mensalão, esquema do qual, concluiu o Supremo, ele fazia parte.
O novo aliado do presidente também voltou seu alvo para o decano da corte, a quem chamou de “longa manus” do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de ter o “acinte” de pedir a busca e a apreensão do celular de Bolsonaro.
Na verdade, não foi esta a decisão do ministro. Cumprindo procedimento de praxe, ele pediu que a PGR se manifeste sobre o pedido de autores de notícia-crime contra o presidente. Também dizendo que Celso de Mello havia pedido ao procurador-geral da República, Augusto Aras, o celular de Bolsonaro, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) disse que a decisão do ministro mostra que ele não tem “isenção” para conduzir o inquérito de Bolsonaro.
O deputado Pastor Marco Feliciano (Republicanos-SP) afirmou que o STF dá “mau exemplo” e que, em um país sério, um ministro do Supremo que tomasse a decisão de “mandar periciar o celular do chefe de Estado” seria preso imediatamente por “alta traição”.
“O mau exemplo do STF se espalha. Encorajados por um Judiciário usurpador que legisla e administra, agora deputados querem usurpar as prerrogativas do Ministério Público, único que tem legitimidade para requerer diligências. Celso de Melo deveria ter rejeitado os pedidos de pronto. Agora querem o quê? Mandar periciar o celular do chefe de Estado? Em um país sério, quem ousasse pedir tal absurdo iria preso na hora, por alta traição”, escreveu Feliciano em nota.
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