López deixou na terça-feira a prisão domiciliar em circunstâncias ainda nebulosas, auxiliado por agentes do Sebin, e, horas depois de uma tentativa frustrada da oposição venezuelana de depor Nicolás Maduro, se refugiou na embaixada do Chile em Caracas, junto com a mulher, Lilian Tintori, e os filhos, seguindo depois para a representação diplomática da Espanha.
Na quarta-feira, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que o general Gustavo González López voltaria a assumir a direção do Sebin, no lugar do general Manuel Ricardo Cristopher Figuera, acusado por um membro da Assembleia Constituinte (composta por simpatizantes do regime) de estar envolvido na libertação de López. Figuera escrevera uma carta rompendo com Maduro.
Casa invandida
Na manhã desta quinta-feira, a mulher do opositor, Lilian Tintori, denunciou que a casa do casal em Caracas foi invadida e roubada. A invasão ocorreu na noite de terça-feira, quando nem o casal nem seus filhos estavam na residência, segundo Tintori.
“Entraram em nossa casa, como delinquentes, sem ordem de busca e sem a nossa presença. Destruíram a casa e roubaram nossas coisas”, escreveu ela, no Twitter.
A situação de todos os dirigentes da oposição é extremamente delicada. Os deputados não respondem a recados e, em alguns casos, sequer seus assessores de imprensa sabem onde estão. A ordem, até o momento, é “resguardar-se”. A Assembleia Nacional, de maioria opositora, não se reuniu nos últimos dias, o próprio Guaidó está numa espécie de clandestinidade e seus movimentos não são mais informados pela equipe de comunicação do Parlamento.
López cumpria uma pena de quase 13 anos de reclusão em regime de prisão domiciliar, depois de ser acusado em 2014 de tentar depor o governo de forma violenta. Ele liderava o setor mais duro da oposição, que na época se encontrava dividida entre a via eleitoral e a via insurrecional para a deposição de Nicolás Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez.
Economista com mestrado em Harvard que completou 48 anos nesta segunda-feira, López foi o principal promotor da estratégia conhecida como “La Salida”, que tentou derrubar Maduro por meio da pressão das ruas logo após a morte de Chávez, em 2013. Entre fevereiro e maio de 2014, os protestos deixaram 43 mortos. López foi condenado em 2015 sob as acusações de promover a perturbação da ordem pública, danos à propriedade, incêndio e associação criminosa.