
TITE TÉCNICO SELEÇÃO BRASILEIRA
A medida provisória do governo federal que pretende mexer com a grade curricular do ensino médio pode ocasionar uma ruptura na cultura esportiva entre os adolescentes. A proposta da não obrigatoriedade da prática da educação física sofreu severas críticas da classe esportiva nos últimos dias. A mudança dependerá do que será estipulado pela Base Nacional Comum Curricular, documento que deve ser concluído em 2017 e que propõe uma reforma para a educação nacional. Técnico da seleção brasileira, Tite encara a proposta como um retrocesso educacional, sobretudo em situações em que o esporte serve para livrar o jovem da violência.
– Eu não consigo conceber ter todas as matérias e não ter o esporte presente de uma forma obrigatória. Se dê uma condição, assim como o investimento no professor, que é a base, a essência para a gente ter uma sociedade melhor. Eu não consigo enxergar, não consigo ver nenhum argumento e vou ficar ouvindo opiniões contrárias para me desfazer da opinião, se o for. Mas precisa-se de um investimento em educação, de um investimento no esporte como um meio educacional também. Eu não consigo enxergar – lamentou.
Formado em Educação Física pela PUC de Campinas, Tite acredita que o esporte é a melhor ferramenta para a inclusão social. A vivência escolar com a descoberta da “lei do jogo”, que, segundo o treinador, desperta os valores morais no público infantojuvenil, é essencial para o crescimento do ser humano.
– É um fator de igualdade. Não só futebol, mas o vôlei, o basquete, a atividade no núcleo da escola se desenvolve, é a competição entre duas salas de aula. Quem nunca teve uma experiência como essa? Quem não teve no esporte, em qualquer momento, de enfrentar um adversário e, dentro da lei do jogo, eticamente sendo correto, e superá-lo. Isso é da vida, é do jogo. Não é pecado nenhum vencer no jogo. Ter a dignidade do vencedor, ter a dignidade do perdedor, isso faz parte. Eu não consigo conceber é a impunidade. Eu não consigo ver o não investimento na educação e, principalmente, no esporte, que não seja um meio, um canal, uma ferramenta de educação muito forte – completou.
G1

