Se a elite do Parlamento estiver certa em suas previsões, Michel Temer será afastado da Presidência da República em no máximo quatro meses. É o que pensam 62% dos principais líderes da Câmara e do Senado, conforme apurou a segunda rodada de pesquisa do Painel do Poder.
Produto criado pelo Congresso em Foco para monitorar de forma sistemática e com fundamentação científica as percepções e os humores daqueles que mandam no Congresso Nacional, o Painel do Poder é composto por 82 deputados federais e 26 senadores.
Tais congressistas foram escolhidos pelo papel relevante que ocupam no Legislativo. Entre eles, há líderes partidários, membros das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, presidentes de comissões e influenciadores das principais bancadas temáticas, como os defensores dos interesses dos produtores rurais, dos direitos humanos, os sindicalistas e evangélicos.
Neste segundo levantamento, realizado na semana passada (entre os dias 23 e 25), também ficou em 62% o total de entrevistados para os quais Temer encerrará o ano como ex-presidente. Veja os resultados:
O presidente Michel Temer permanece no cargo até o fim deste ano?
Perguntados sobre qual seria o cenário mais provável, na hipótese de afastamento do presidente, 60% responderam que Temer deve deixar o governo após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassar a chapa encabeçada por Dilma Rousseff na disputa presidencial de 2014, da qual ele foi vice. Somente 2% veem chances de ele sofrer um processo de impeachment no Congresso.
Caso o presidente Michel Temer não permaneça no cargo até o fim deste ano, o(a) senhor(a) acredita que ele:
Em caso de vacância da Presidência da República, acreditam 67% dos líderes, haverá eleição indireta. Para 29%, o sucessor de Temer, se ele for afastado do Palácio do Planalto, será definido em pleito direto. Os demais deixaram sem resposta esta questão.
Questionados sobre o tempo em que o atual presidente se manterá no cargo, 62% disseram que não passará de quatro meses e 69%, que tal período seria inferior a oito meses.
Caso o presidente Michel Temer não permaneça no cargo até o final de 2018, em quanto tempo, a partir de hoje, o(a) senhor(a) acredita que o afastamento acontecerá:
Cai avaliação do governo
Também piorou a avaliação do governo federal entre os principais líderes do Congresso. Numa escala que varia entre 100 graus negativos e 100 graus positivos, a “temperatura” do Executivo ficou em 22,9.
Na pesquisa feita em março, ela havia ficado em 28,9, patamar já distante da nota positiva máxima (+ 100). As mudanças ocorreram depois de vazar gravação de conversa entre o empresário Joesley Batista e o presidente, na qual o chefe do Executivo demonstra aprovar o relato do seu interlocutor sobre o suborno de autoridades e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente preso em Curitiba.
Apesar da queda e dos prognósticos desfavoráveis à permanência de Temer no poder, a avaliação do governo continua na “área verde” do termômetro:
Dos parlamentares ouvidos, 69% pertencem a partidos da base governista. Em termos de regiões geográficas, 36% deles representam estados do Sudeste, 29% são do Nordeste, 19% do Sul, 10% do Centro-Oeste e 6% do Norte.
Desenvolvido em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (Ibpad), o Painel do Poder tem caráter inédito tanto pela concepção metodológica quanto pela variedade de aplicações que permite.
Estão entre elas a aferição das tendências predominantes nas duas casas legislativas quanto ao relacionamento com o governo federal, a avaliação de políticas públicas e de temas específicos da pauta parlamentar e a influência de grupos organizados no Congresso Nacional. O Painel do Poder permite ainda atender a demandas específicas de organizações que precisam ter maior clareza quanto a questões em debate no Legislativo que podem impactar seus interesses ou negócios.
Fonte: Congresso em Foco