O IBGE divulgou a 2ª edição do estudo Desigualdades Sociais por cor ou Raça no Brasil que tem como objetivo mostrar as desigualdades sociais por cor ou raça, a partir da construção de um quadro composto por dimensões das condições de vida da população brasileira, como mercado de trabalho e distribuição de renda, condições de moradia e patrimônio e educação. São analisados, da mesma forma, indicadores relativos à violência, à representação política e ao ambiente político do Município.
No mercado de trabalho, a taxa de desocupação do Rio Grade do Norte em 2021 foi de 15,6%, maior do que a registrada em 2012 que foi de 10,8%. Entre as pessoas brancas essa taxa foi de 13,0%, menor se comparada entre pretas (18,9%) e pardas (16,9%). Ao longo dos anos a disparidade também aumentou. Enquanto que em 2012 a taxa de desocupação entre pessoas brancas era de 9,1%, entre pretas era de 8,8% e pardas 12,2%.
Para o IBGE, considera-se taxa de desocupação o percentual de pessoas desocupadas, na semana de referência em relação ao total de pessoas na força de trabalho.
O estudo também trouxe dados sobre ocupação formal e informal, por cor ou raça. O total de postos formais e informais ocupados por pessoas pretas no Rio Grande do Norte saiu de 38 mil em 2012 para 126 mil em 2021, um aumento percentual de aproximadamente 228%. Porém, a quantidade de postos formais e informais ocupados por pretos continua sendo menor do que os ocupados por brancos e pardos.
Em 2021, pessoas brancas ocupavam 520 mil postos formais e informais, uma diferença de aproximadamente 311% em relação aos postos ocupados por pessoas pretas. Já na comparação com pessoas pardas, foram 653 mil postos ocupados, uma diferença de aproximadamente 417%.
No RN, pessoas pretas receberam em média R$ 882 a menos do que pessoas brancas em 2021
O rendimento médio real habitual do trabalho principal das pessoas de 14 anos ou mais de idade em trabalhos formais e informais no Rio Grande do Norte em 2021 foi de R$ 2.029,00. Entre as pessoas brancas, essa média foi de R$ 2.439,00, maior do que entre as pessoas pretas (R$ 1.557,00) e pardas (R$ 1.797,00). Uma diferença salarial de R$ 882,18 entre brancos e pretos e de R$ 642,03 entre brancos e pardos. A maior diferença salarial registrada no país entre brancos e pretos foi de R$ 2.604,69 e entre brancos e pardos foi de R$ 1.989,57, ambas no Distrito Federal.
O IBGE também buscou saber informações sobre as condições de moradia da população. Um dos quesitos levantados foi quanto seria o valor médio do aluguel estimado dos domicílios próprios caso eles fossem alugados nos anos de 2017 e 2018. No Rio Grande do Norte, a média total estimada era de R$ 424,00. Já para pessoas brancas, essa média subiu para R$ 500,00 e, entre pessoas pretas ou pardas, a estimativa era de R$ 379,00, diferença de R$121,17.
Entre as Unidades da Federação, o Distrito Federal apresentou a maior diferença entre brancos e pretos ou pardos (R$ 692,80), já a menor foi a do Acre (R$ 40,63). No Brasil, o valor do aluguel estimado dos domicílios próprios de pessoas brancas era de R$ 998,00, enquanto que para pessoas pretas ou pardas essa média caiu para R$ 555,00, diferença de R$ 443,32.
Segurança nas escolas
Em 2019, o percentual de escolares de 13 a 17 anos que não compareceram à escola por falta de segurança no trajeto casa-escola ou na escola nos 30 dias anteriores a pesquisa foi de 15,1% no Rio Grande do Norte. Este percentual era de 13,6% entre escolares brancos; 18% entre pretos; e 14,2% entre pardos.
O percentual de escolares pretos que se sentiram inseguros para irem ou permanecerem na escola foi maior do que brancos e pardos em 20 das 26 Unidades da Federação mais o Distrito Federal. Destaque para Roraima, com 27,2% das crianças pretas se sentindo inseguras, enquanto que brancas e pardas foram 18,4% e 17,4% respectivamente.
Esses dados foram extraídos da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Da mesma pesquisa foram extraídos dados sobre os escolares de 13 a 17 anos que estiveram envolvidos em briga na qual alguma pessoa usou arma branca. Acompanhado do Ceará, o Rio Grande do Norte é o estado brasileiro com o menor percentual nacional (3,7%) de escolares de 13 a 17 anos que, em 2019, estiveram envolvidos em briga na qual alguma pessoa usou arma branca nos 30 dias anteriores à pesquisa. Desse percentual, no estado potiguar, 3,2% eram brancos, 5,1% pretos e 3,6% pardos.
Nacionalmente, esses valores caíram se comparado a anos anteriores. Em 2015, o percentual nacional total foi de 7,9%, brancos 6,1%, pretos 13,8% e pardos 7,4%. Já em 2019, os números foram menores, porém o percentual de pessoas pretas (7,3%) que se envolveram em brigas com uso de arma branca ainda supera o de pessoas brancas (4,0%) e pardas (4,5%).