
Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, afetando diretamente dois setores essenciais da economia potiguar: o salineiro e o pesqueiro. Com a medida, as exportações de sal e atum para o mercado norte-americano estão suspensas por tempo indeterminado.
O Rio Grande do Norte é responsável por 98% da produção de sal marinho do Brasil. Cerca de metade desse volume era destinado aos EUA, agora considerados economicamente inviáveis como destino.
“Com esse tarifaço de 50%, ele vale mais como um embargo. Nós não temos condições de continuar vendendo para os Estados Unidos enquanto esse tarifaço permanecer”, afirmou Airton Torres, presidente do Sindicato da Indústria de Extração do Sal do RN.
Desde o anúncio da tarifa, as remessas de sal já haviam sido interrompidas.
“Diante do anúncio feito no mês passado, nós não carregamos mais nada para lá já há algumas semanas. E não temos a expectativa de chegar novos navios para receber sal que iria para os Estados Unidos simplesmente porque o cliente não aceita pagar essa tarifa tão alta”, explicou Torres.
Sem compradores alternativos no curto prazo, a produção — entre 500 mil e 600 mil toneladas por ano — será direcionada ao mercado interno.
“Esse sal vai ficar sobrando aqui no mercado interno. A consequência é que vai haver uma oferta maior de sal no mercado interno”, acrescentou.
Até o momento, não há definição sobre corte na produção nem demissões.
“Nós estamos no primeiro dia que a tarifa entrou em vigor, então nada se faz com tanta antecedência. A indústria salineira tem hoje mais de 4.200 pessoas trabalhando dentro das salinas e produzindo sal e será muito ruim a indústria ter que fazer demissões”, ponderou.
O setor atua em duas frentes: tenta junto ao governo federal retirar o sal da lista de produtos tarifados e contratou empresas nos EUA para tentar reverter a medida. Por ora, sem sucesso.
Na pesca, a situação é semelhante. O presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do RN (Sindipesca), Arimar França Filho, informou que as exportações de atum também estão suspensas e a maior parte da frota foi parada.
“A gente parou os barcos, a maioria dos barcos está parada fazendo manutenção”, afirmou.
Das 32 embarcações, apenas sete estavam em alto-mar nesta quarta-feira. O estado exporta cerca de 3 mil toneladas de atum por ano, 80% para os EUA.
“O que produzimos já enviamos para os Estados Unidos antes do tarifaço”, declarou Arimar.
Em meses normais, são exportadas 300 toneladas por mês. Na entressafra, como agora, a média é de 200. “Está todo mundo ainda atordoado, porque a gente tinha esperança que isso seria revertido até a data prevista para começar”, reforçou Arimar.
Não houve demissões formais no setor pesqueiro, mas parte da equipe foi colocada de férias.
“Só foi colocado de férias”, disse o presidente do Sindipesca-RN.
Uma reunião com representantes do setor está marcada para os próximos dias.
Com informações da Tribuna do Norte

