O sistema de saúde da região metropolitana de Natal não consegue dar atendimento à nova onda gripal que infectou parte da população neste final de ano. A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) ressalta a importância de se tomar a vacina contra a influenza. Em Parnamirim, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) só atende casos graves. Na UPA de Cidade Satélite, a espera por atenção médica é maior do que quatro horas, em média.
A Tribuna do Norte procurou estabelecer contato com representantes das secretarias estadual e municipal de Saúde, mas não obteve resposta de nenhum dos dois órgãos. Por nota, a Sesap confirmou o aumento do número de casos e informou que a população deve procurar os postos de vacinação ou a unidade mais próxima da sua casa para garantir a imunização, sendo os idosos o grupo de prioridade, além dos profissionais de saúde e os chamados imunosuprimidos, pessoas com as defesas do organismo mais vulneráveis.
No mês de dezembro, no Rio Grande do Norte, foram registrados 93 casos de Influenza A, sendo 37 identificados como H3N2. Contudo, os poucos casos confirmados oficialmente entram em contraste com a alta procura nos postos de atendimento.
A meta da vacinação no Rio Grande do Norte é de 90% da população-alvo, formada por 1.295.751 pessoas. Até agora, foram vacinadas 80% delas, segundo a plataforma RN + Vacina.
Quem já recebeu a dose este ano, não necessitam de segunda vacinação, somente no próximo ano a partir de maio.
A quantidade de casos gripais acima da média lotou os principais centros de atendimento na capital e começa a afetar Parnamirim, que impôs restrições na UPA Nova Esperança, além de ter problemas formais reposição de pessoal no Hospital Márcio Marinho.
A secretária-adjunta de Parnamirim, Luciana Guimarães, confirma uma procura acima da média, que levou a UPA à superlotação. “Como as unidades dos municípios vizinhos estão sofrendo da mesma forma, temos dificuldade em fazer a transferência de alguns casos. E quando não encontramos a porta aberta de outras instituições, perdemos a capacidade de atender novos pacientes”, falou ela, em entrevista coletiva concedida na tarde de ontem.
Essa foi a principal razão para a UPA ter limitado o seu atendimento nesta quarta-feira (22). Na parte da tarde, a operadora de caixa Francisca Josenilda da Silva procurou o serviço, pois está com um filho e o marido doentes e apresentando sintomas como febre, diarreia e vômitos. Além de acompanhar os familiares doentes, Josenilda ainda levava uma filha de onze meses nos braços. “O jeito é procurar o atendimento em Natal”, disse, frustrada.
A UPA Nova Esperança comporta 28 leitos, mas 37 pacientes estão internados na estrutura que comporta 28 leitos. Devido à atual situação, somente pacientes de máxima urgência serão atendidos no local. Luciana Guimarães diz não conseguir encaminhar pacientes para o hospital Walfredo Gurgel, em Natal, como os casos de trauma ou cardiológicos, o que aliviariam o fluxo de atendimento em Parnamirim. “Mas o que chama mais a nossa atenção são os casos dos pacientes com síndrome respiratória. O aumento de casos está bem acima da média”, ressalta ela.
Nesse momento, há um paciente na UPA com Covid-19. A subsecretária observa que a situação da pandemia está melhor, mas não nos livra os gestores da responsabilidade de continuar fazendo o monitoramento da situação.
Ainda em Parnamirim, falta pessoal no hospital Márcio Marinho. De acordo com o também subsecretário de Saúde, Magno Lima, a gestão está impedida de renovar contratos de profissionais que estavam lá em virtude da pandemia de Covid-19. Como houve uma queda no número de casos, eles foram dispensados. Ao mesmo tempo, estão sendo chamados os profissionais que foram aprovados em concursos para efetivaram suas vagas. Está faltando farmacêutico, porém não há vaga estipulada pelo concurso mais recente para este tipo de profissional. Ainda assim, outras formas de contratação podem ser concretizadas.
A recomendação de não contratar novos profissionais, justifica a gestão, veio do Ministério Público. A instituição orienta que os contratos só devem ser fechados se o aumento de casos for evidente.
Dentre os aprovados no último concurso público do município, 127 profissionais devem ser convocados e a secretaria de Saúde vai implantar uma nova logística para chamá-las.
Apesar dos problemas, foi negada a possibilidade de suspensão dos atendimentos no hospital municipal.
Tribuna do Norte