Mesmo com mudança de data e preocupações com a pandemia do novo coronavírus, a Olimpíada de Tóquio-2020 já mudou o surfe. Para o brasileiro Italo Ferreira, a entrada da modalidade no programa olímpico trouxe alterações profundas para o esporte. Entretanto, isso não faz com que o atleta brasileiro minimize as críticas contra o presidente da Confederação Brasileira de Surfe (CBSURF), Adalvo Argolo. Segundo Italo, o dirigente não faz o que pode para valorizar o esporte no Brasil.
“Quando eu comecei a competir nos torneios ‘pro-junior’, era sempre um sonho competir no Campeonato Brasileiro profissional. Porque era um evento muito grande e atletas do WCT, do Circuito Mundial, queriam competir no campeonato nacional por ser incrível e premiações gigantescas. E hoje quase não vemos nenhum evento acontecendo na região pelo fato de as pessoas que estão por trás não conseguirem realizar um bom trabalho. Precisa mudar a cabeça das pessoas que estão por trás e ter profissionais que querem ajudar e querem que o esporte cresça no geral”, disse o surfista, reiterando as críticas.
Na sua avaliação, melhorias na gestão da modalidade no País vão permitir novos e maiores patrocínios aos atletas da base. “Acho que, se a casa estiver limpa, as empresas grandes podem entrar e abrir o leque de opções para que o esporte volte a crescer no nosso País”, declarou o surfista à reportagem.
Em contato com o Estado, Adalvo Argolo, presidente da CBSURF, rebateu as declarações de Italo. “O fato é que atualmente o circuito de surfe profissional brasileiro é o melhor circuito nacional do mundo porque oferece a maior premiação – R$ 40 mil por gênero – se comparado com os circuitos nacionais das outras duas principais potências: Austrália e EUA”, declarou o dirigente.
Ele afirmou que está trabalhando para realizar neste ano o Circuito Brasileiro nas categorias sub-14, sub-16 e sub-18. A primeira etapa foi realizada no início do mês, na Bahia. Também disse apoiar competições de longboard e Stand up Paddle. E garantiu que a entidade está sem dívidas.
“A CBSURF é uma entidade sem dívidas e com suas contas e obrigações absolutamente em dia. Estamos buscando patrocinadores para nos apoiar a organizar o surfe brasileiro e promover mais e melhores eventos. Este é um momento no qual os principais surfistas brasileiros deveriam se unir e ajudar a entidade a se estruturar. Sem isso, nenhum patrocinador irá se interessar em investir no surfe brasileiro”, afirmou Argolo.
“Todos os nossos recursos estão disponíveis de uma forma transparente no site da CBSURF e também no do COB (Comitê Olímpico do Brasil). A transparência é nossa principal ferramenta para mostrar a todos o grau de responsabilidade e comprometimento com a lisura da entidade”, completou.
Estadão