A paralisação do sistema de ônibus de Natal anunciada na manhã desta terça-feira (16) pelo Sintro-RN não é culpa das empresas de ônibus. Estas são vítimas, junto com a sociedade potiguar e os trabalhadores rodoviários. O alerta do colapso financeiro do setor é anunciado há mais de 90 dias pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal, SETURN, quando enviou várias missivas com o pleito de revisão tarifária, auxílio econômico e desoneração, à Secretária Municipal de Mobilidade Urbana, Elequicina Santos.
A iminente falência das empresas de ônibus, em Natal, aparenta ser inevitável. O pagamento dos salários de maio foi concluído ontem (15 de junho), com 10 dias de atraso. Sem que houvesse recursos para o custeio de outros benefícios previstos na convenção coletiva, já vencida em 1º de maio. Antes da pandemia, ocorreram idas e vindas da recomposição tarifária em fevereiro/2020 por parte da prefeitura de Natal. E, com isto, a escalada de prejuízos para as empresas.
A pandemia do novo coronavírus, que provocou medidas de restrição de circulação de pessoas desde 17.03.2020, acelerou fortemente o cenário de degradação econômica do setor, pois o volume de passageiros foi reduzido a menos de 30% da média histórica. “No estado de calamidade pública, o desequilíbrio foi alçado a patamares nunca visto. Com menos 30% de passageiros em circulação, não há como cobrir sequer as despesas primárias das empresas, folha de pagamento e combustível, quanto mais assegurar benefícios reclamados por motoristas e readmissão de cobradores”, salientou Nilson Queiroga, consultor técnico do Seturn.
Em detrimento do Estado e municípios do RN, que receberam em torno de R$ 1 bilhão do Governo Federal de auxílio para superarem o atual momento, o setor de transporte público por ônibus de Natal foi abandonado a própria sorte. A conta chegou. As empresas amargam um prejuízo operacional de praticamente R$ 3,00 por quilômetro rodado, tornando impossível a continuidade dos serviços sem um socorro emergencial imediato por parte do poder público.
O SETURN está disposto a sentar numa mesa de negociação com a participação da Prefeitura do Natal, Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários, Governo do RN e Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RN), para tentar tirar o setor da falência e repactuar as receitas e despesas da atividade.