O recém-empossado Ministro da Justiça e Segurança Pública, Torquato Jardim, se referiu à Controladoria-Geral da União (CGU) como aquela “onde ninguém sabe qual é o endereço” e que está na “anonimidade”. Ele disse ainda que “se quisesse praticar algum ato nas sombras, continuaria como ministro da Transparência e não estaria no Ministério da Justiça”. O Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle – UNACON Sindical, que representa os servidores de carreira do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) emitiu nota de repúdio às declarações.
Leia a nota na íntegra:
O Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle – UNACON Sindical, que representa os servidores de carreira do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), expressa seu repúdio às declarações do recém-empossado Ministro da Justiça e Segurança Pública, Torquato Jardim, em pronunciamento à imprensa ocorrido ontem.
O ministro Torquato Jardim, de maneira extremamente desrespeitosa, referiu-se à pasta que comandou por um ano como aquela “onde ninguém sabe qual é o endereço” e que está na “anonimidade”. Vale lembrar, que o nome da instituição é Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU); sobretudo, que a expressão “Controladoria-Geral da União” só foi adicionada à nomenclatura do Ministério da Transparência (criação infundada no governo Michel Temer para tentar suplantar a CGU) após intensa mobilização dos servidores do órgão no Congresso Nacional, a fim de preservar mais de 14 anos de identidade institucional.
A Controladoria-Geral da União (CGU) ainda existe e resiste aos ataques sistemáticos que sofre, seja o esvaziamento progressivo do quadro de pessoal, seja os sucessivos cortes orçamentários, seja os ataques à imagem institucional, como as injustificadas alterações de nomenclatura pelo atual governo. A sociedade civil, a Administração Pública, os organismos internacionais e a imprensa sabem bem o que é, o que faz e onde fica a Controladoria-Geral da União (CGU).
Ainda mais graves foram as declarações do Sr. Torquato Jardim de que “se quisesse praticar algum ato nas sombras, continuaria como ministro da Transparência e não estaria no Ministério da Justiça”. A Controladoria-Geral da União não se presta e nunca se prestou a ser local para acobertar a atuação de dirigentes que queiram praticar “atos nas sombras”. Seu corpo técnico, responsável e vigilante, já deu várias demonstrações públicas nesse sentido, ao exigir a demissão de um ministro flagrado em conduta desabonadora e ao repudiar indicado que não contava com reputação profissional e com conduta ilibada que o habilitassem ao cargo.
A postura dos servidores foi firme, inclusive, contra ato do próprio ministro Torquato Jardim quando determinou aos ocupantes de cargos comissionados que pedissem exoneração em caso de “incompatibilidade política, filosófica e ideológica” com o governo. Diante de tais ameaças, o UNACON Sindical protocolou, à época, representação junto à Comissão de Ética da Presidência da República, ainda sem resposta.
Por fim, os Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle condenam, uma vez mais, esse desrespeito, ao tempo em que permanecem vigilantes em defesa da correta aplicação dos recursos públicos.
Rudinei Marques
Presidente do Unacon Sindical