
A eleição de 2026 será um confronto direto entre dois campos políticos antagônicos: de um lado, os defensores da democracia; do outro, os que estiveram ao lado da tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023. É assim que o secretário estadual da Fazenda e pré-candidato do PT ao Governo do Rio Grande do Norte, Cadu Xavier, enxerga o cenário que se aproxima.
“Não tem como desvincular. Eu me coloco como candidato do Partido dos Trabalhadores, que passou por um processo interno democrático e defende a democracia”, afirmou, em entrevista à rádio 91 FM nesta segunda-feira 7. Para ele, sua candidatura estará naturalmente vinculada ao projeto liderado pelo presidente Lula e pela governadora Fátima Bezerra, enquanto seus adversários representarão, segundo suas palavras, “toda aquela balbúrdia que a gente viu no dia 8 de janeiro”.
Cadu acredita que o embate será inevitavelmente polarizado, como tem ocorrido nas últimas eleições nacionais. “Pode ser um ou dois candidatos do outro lado, mas o que estará em disputa será muito claro: democracia versus autoritarismo”, declarou. Sua posição como pré-candidato do PT é reforçada pelo respaldo que tem recebido da legenda, que recentemente passou por um processo de renovação interna, elegendo a vereadora de Natal Samanda Alves e a deputada estadual Isolda Dantas para a presidência estadual em uma eleição disputada com grande participação de filiados.
Cadu reforçou que sua aliança com Lula é natural e coerente com o projeto iniciado por Fátima no Estado. Disse que é a continuidade de uma gestão que tem como prioridade a ampliação da capacidade de investimento, a recuperação das finanças públicas e o desenvolvimento sustentável. Questionado sobre as críticas ao governo atual e o desgaste de popularidade apontado em pesquisas, ele minimizou os efeitos eleitorais, dizendo que “essa avaliação negativa é momentânea”. Segundo ele, as entregas de obras estruturantes e programas federais mudarão a percepção da população até o ano que vem. “Quando chegar o período eleitoral, vamos olhar para trás. E tenho certeza que a comparação com o passado vai mostrar o quanto avançamos”, afirmou.
O pré-candidato também comentou o posicionamento da senadora Zenaide Maia (PSD), que ainda não confirmou se caminhará novamente com o PT em 2026. Para Cadu, seria “natural” que ela estivesse no mesmo palanque, mas ponderou que essa é uma decisão pessoal. “Ela teve papel importante na Câmara durante o impeachment de Dilma Rousseff, votou contra o golpe e foi eleita com votos da esquerda. Mas essa escolha cabe a ela”, disse.
Embora não tenha disputado cargos eletivos antes, Cadu acredita que há espaço para candidaturas ao governo com perfil técnico, como ocorreu no Piauí, com Rafael Fonteles, e na Paraíba, com João Azevedo. E mesmo diante do desafio de se tornar mais conhecido do grande público, aposta que a coerência com o projeto nacional do PT e a defesa da democracia serão os pilares que sustentam sua candidatura. “É esse o processo que vamos vivenciar em 2026”, concluiu.
“RN já tem mais empregos formais que beneficiários do Bolsa Família”
O Rio Grande do Norte passou a ter mais pessoas com emprego formal do que beneficiárias de programas sociais, e essa virada é usada pelo secretário estadual da Fazenda, Cadu Xavier, como exemplo de que o Estado está no caminho certo desde 2019. Pré-candidato ao governo pelo PT, Cadu atribui esse resultado às políticas adotadas durante as gestões da governadora Fátima Bezerra. “A população empregada, recebendo um bom salário, faz a economia girar, e o Estado ganha capacidade para investir em infraestrutura”, disse.
A entrevista, concedida à rádio 91 FM, expôs com clareza a principal bandeira do pré-candidato: fazer do desenvolvimento econômico o motor da transformação social no RN. Cadu defende que o Estado deve atuar para atrair investimentos, gerar e manter empregos e modernizar sua infraestrutura. Segundo ele, esse modelo já apresenta resultados visíveis e pode ser expandido nos próximos quatro anos. “Eu aposto nesse ciclo: emprego, renda e investimento. Isso é o que pode garantir saúde e educação melhores”, declarou.
O pré-candidato sustenta que o RN vive uma nova realidade econômica. Apontou como exemplo o crescimento das cadeias produtivas ligadas à energia eólica, à mineração e à instalação de novos empreendimentos ligados ao hidrogênio verde. Também defendeu o aproveitamento do potencial de petróleo da margem equatorial como fonte adicional de receita, mesmo dentro de uma perspectiva de transição energética. Para ele, é preciso casar a pauta do desenvolvimento com a agenda ambiental, sem abrir mão da sustentabilidade. “A gente não pode ignorar o que está acontecendo no mundo. O desafio é crescer sem descuidar do meio ambiente”, disse.
Ao comentar o futuro, Cadu afirmou que o próximo governo precisa consolidar avanços recentes na infraestrutura rodoviária e modernizar os portos do Estado para viabilizar novos ciclos econômicos. Falou ainda sobre a segurança pública, dizendo que, apesar de desafios, o cenário atual é bem diferente do que o Estado enfrentava seis anos atrás. “A segurança pública hoje é outra. Ainda há problemas, claro, mas estamos em uma realidade muito melhor”, disse.
Se eleito, Cadu promete manter o foco em projetos de atração de empresas, ampliação da arrecadação sem aumento de impostos e redução do desemprego. Disse que não está em busca de poder, mas sim de aplicar sua experiência como servidor e gestor público para “tirar o RN da estagnação fiscal que vive há mais de 20 anos”. Para ele, o Estado precisa recuperar a capacidade de investir com recursos próprios. “É isso que vai garantir um futuro melhor para as próximas gerações”, afirmou.
Ao longo da entrevista, ele mencionou que continuará conciliando suas atividades como secretário com compromissos políticos, pelo menos até abril de 2026, quando o vice-governador Walter Alves deve assumir interinamente o governo. A tendência, segundo Cadu, é que o MDB siga compondo a chapa majoritária com o PT, como tem ocorrido desde 2022.
A partir dessa perspectiva, Cadu tenta se apresentar como a continuidade de um projeto que quer mostrar resultados com base em indicadores reais da economia. “Eu nunca tive ambição eleitoral. Mas agora tenho uma missão: consolidar esse novo momento do Rio Grande do Norte”, concluiu.
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