As eleições municipais deste ano provocaram uma renovação de mais de 50% na composição da Câmara Municipal de Natal. Os mais de 430 mil eleitores que foram às urnas no último dia 6 de outubro garantiram mudanças significativas para a próxima legislatura, que se inicia em 1º de janeiro de 2025. Dos 29 vereadores escolhidos pelo povo, apenas 14 foram reeleitos, enquanto outros 15 trocam de lugar com novatos no Palácio Padre Miguelinho.
No entanto, essas não serão as únicas mudanças. O resultado das eleições majoritárias garante que pelo uma novidade surgirá na bancada potiguar na Câmara dos Deputados. Com dois parlamentares na disputa do segundo turno, o RN verá um dos seus deputados federais – Natália Bonavides (PT) ou Paulinho Freire (União) – deixar Brasília para assumir o comando da maior cidade do estado.
As possibilidades podem ser objetivas, mas uma delas é capaz de mexer até mesmo com a nova composição do parlamento natalense, que, na teoria, não sofre influência eleitoral da majoritária, mas nesse caso, pode garantir a permanência de uma vereadora que não conseguiu a reeleição nas urnas no último dia 6.
Dentre as 15 substituições de antigos por novos vereadores, uma delas é entre mulheres que ocupam espaços parecidos na política natalense. Júlia Arruda (PCdoB), que está no 4º mandato na Câmara, abre espaço para Samanda Alves (PT), que na sua segunda corrida eleitoral, alcançou o sucesso em disputa acirrada, levando a melhor sobre Arruda por uma diferença de apenas nove votos.
Apesar de partidos diferentes, as duas integram a federação Brasil da Esperança, que além de PT e PCdoB, conta ainda com o PV. É desse grupo de candidatos que a formação dos eleitos poderá mudar na Câmara de Natal. Para isso acontecer, são necessários dois atos, sendo o primeiro, a vitória de Natália Bonavides contra Paulinho Freire no segundo turno das eleições.
O segundo ato depende de uma escolha pessoal da vereadora eleita Samanda Alves. Isso acontece porque em 2022, quando ela fez sua estreia nas urnas ao disputar o cargo de deputada federal, a candidata do PT ficou com a primeira suplência da federação. Logo, Samanda tem a preferência de assumir o lugar na Câmara dos Deputados que seria aberto com a saída de Bonavides para a Prefeitura de Natal em caso de uma vitória no próximo dia 27. No caso de ela ir para Brasília, a vaga de vereadora fica para Júlia Arruda, primeira suplente da federação na corrida eleitoral do último dia 6.
O NOVO ouviu a vereadora eleita pelo PT, para saber se ela já pensa na decisão que deverá tomar, mas Samanda garantiu que esse assunto não é prioridade agora. “Essa é uma decisão que não será só minha porque não fui candidata de mim mesma, mas de um grupo grande de pessoas, e que deve ser avaliada no momento oportuno, levando em conta a conjuntura política e as necessidades tanto da cidade quanto do Congresso Nacional. Nossa prioridade – minha, do PT e de todos que acreditam em uma Natal melhor – é eleger Natália Bonavides prefeita da nossa cidade. O que posso garantir é que, seja na Câmara Municipal ou no Congresso, meu compromisso será sempre com a defesa e a representação dos interesses do povo”, comenta Samanda Alves.
A vereadora Júlia Arruda também foi procurada, e não respondeu à nossa reportagem até o fechamento desta matéria. No entanto, em suas redes sociais, ela comentou o resultado das eleições e, discretamente, falou sobre o futuro.
“Aqui encerra um ciclo de uma vida inteira dedicada ao que eu sempre acreditei. Foram 4 mandatos de um trabalho verdadeiramente comprometido e com a certeza de que deixamos um importante legado. Agora é hora de acalmar o coração e recalcular a rota. Que Deus e o destino me reservem um caminho e um futuro de sabedoria e luz para seguir em frente”, disse.
Outro cenário também movimentará a composição de parlamentares, mas não a municipal. Em caso de uma vitória de Paulinho Freire, a cadeira recém-assumida por ele na Câmara dos Deputados vai ser ocupada por um nome já conhecido em Brasília. Carla Dickson (União) é a primeira suplente do União Brasil e deve assumir a vaga.
Na legislatura passada, ela exerceu o mandato de deputada federal, também ascendendo ao posto depois de terminar as eleições de 2018 na suplência. Na ocasião, Dickson ocupou o lugar deixado por Fábio Faria, que saiu do mandato para ser ministro das Comunicações no governo de Jair Bolsonaro.
A reportagem também tentou contato com Carla Dickson, mas não obteve resposta até o fechamento dessa matéria.
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