A taxa de ocupação de leitos de UTI na Região Metropolitana de Natal chegou ontem a 87,26% de ocupação, segundo os dados do Regula RN, da Secretaria de Saúde Pública do Estado. Esse número é preocupante porque de um lado atesta o aumento no número de casos, de outro reflete a falta de ação do Governo do Estado na abertura de novos leitos. A governadora Fátima Bezerra chegou a anunciar no ano passado que abriria um hospital de campanha no Arena das Dunas, mas depois mudou de ideia. Disse então que abriria no antigo Papi, mas também deu em nada. Anunciou em seguida, com toda a pompa, que abriu 40 leitos na LIga Contra o Câncer. Problema é que depois foram fechados, bem como foram desativadas UTIs no Hospital da Polícia e em outros municípios como São Gonçalo do Amarante.
O secretário de saúde de Natal, George Antunes, em entrevista a rádio CBN, mostrou essa situação. Segundo o secretário, a Prefeitura de São Gonçalo fechou o seu Hospital de Campanha indevidamente, alegando não ter recursos. “Natal também não tem recursos, mas tenho que correr atrás. Tenho que fazer (o hospital fucionar)! Hoje em dia, não dá para dizer que não vai fazer porque não tem dinheiro. Os pacientes de São Gonçalo estão aqui dentro (de Natal)”, criticou o gestor da SMS Natal.
Ele lembrou ainda o caso de Parnamirim, onde leitos também chegaram a ser desativados, mas por outro tipo de problema, ligado à parte estrutural, que já está sendo contornado. Ainda segundo George Antunes, os recursos federais destinados a São Gonçalo servirão para abrir cinco leitos. “Isso não é nada”, definiu ele, comparando com a situação de Natal, que vinha mantendo 20 leitos somente de UTI, há quase um ano, no Hospital de Campanha e agora vai dobrar essa capacidade, chegando a 40 leitos críticos.
O secretário de Saúde de Natal emendou: “Em nenhum momento, desativamos o Hospital de Campanha e os três Centros de Enfrentamento à Covid que estão chegando a atender 300 pessoas diariamente, cada um. Também vamos transformar o Hospital dos Pescadores em uma unidade 100% Covid, mas São Gonçalo se limitou a dizer que não tem dinheiro”.
A pouca efetividade das ações do Governo do Estado também contribui para aumentar a pressão sobre a rede pública de saúde mantida pela Prefeitura de Natal. Para George, é “muito complicado” contar com as UPAs de Natal para absorver demandas de outros municípios. “Não é novidade o volume de pacientes que vêm para nossas UPAs. Uma vez lá dentro, temos que acolher. Ano passado, atendemos a 50 mil pacientes de fora, sendo que as nossas UPAs não recebem um real de financiamento do Governo do Estado, o que é obrigação. Financiamento de UPA, SAMU e Farmácia Básica tem contrapartida do Governo do Estado. É obrigatório e há muitos anos a gente não recebe. Eu recebo porque não posso restringir o atendimento a ninguém”, ressaltou o secretário.