Um médico que não teve a identidade revelada teve a vacinação contra Covid-19 negada pela Secretaria Municipal de Saúde após ir para um dos quatro locais de imunização em Natal e apresentar sua escala de plantão que comprovaria que ele trabalha em um pronto-socorro. Uma representante da pasta afirmou ao G1 que a escala de plantão tinha sido adulterada. Porém, o hospital onde o homem trabalha confirmou a veracidade do documento.
Segundo a diretora do Distrito Sanitário Oeste, da Secretaria Municipal de Saúde, Magali Rossana Fernandes de Araújo, o homem foi à Arena das Dunas com uma escala de plantão do pronto-socorro do hospital em que trabalha, porém a escala seria adulterada, com nomes verdadeiros e com o acréscimo do nome dele. O homem não foi vacinado e, segundo ela, seria denunciado.
Porém, segundo a Liga Contra o Câncer, o hospital onde o homem trabalha, o documento é verdadeiro. De acordo com a unidade, uma lista havia sido apresentada à SMS no dia 19 e não continha os nomes dos “médicos-coringa”, que são chamados rotineiramente para suprir a falta de um colega ou aumentar o atendimento em dias de muita demanda. A nova lista havia sido enviada no dia 20, porém, a unidade acredita que os servidores do município consultaram a lista antiga e não viram o nome do profissional.
Após o posicionamento do hospital, o G1 voltou a procurar a diretora do distrito sanitário. Magali informou apenas que, por mais que fosse verdadeiro, o documento deveria estar assinado e não estava.
Equipes do Ministério Público visitaram os locais de vacinação, na manhã desta quinta-feira (21). Sem citar o caso específico do médico, o promotor Rafael Galvão afirmou que denúncias sobre tentativas de burlar o sistema serão investigadas e os envolvidos poderão responder administrativamente ou mesmo penalmente.
“Já detectamos algumas situações de ontem, com pessoas apresentando escalas falsas, pessoas da áreas de saúde, mas que não são desse grupo inicial, tentando ser vacinadas. O Ministério Público colocou a disposição seus canais denúncia. É possível responsabilizar profissionais que estão tentando fazer essa burla por ato de improbidade ou até criminalmente por abuso de autoridade, prevaricação, corrupção, dependendo da situação específica”, disse.
Natal tem cerca de 35 mil trabalhadores em saúde, porém, como o município só recebeu cerca de 12 mil doses, iniciou a vacinação pelos profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra a Covid-19 e idosos em instituições, como abrigos.
G1RN