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Rogério Marinho: ‘Não sou o mais simpático, mas tenho coragem para fazer o certo’

FOTO: WALDEMIR BARRETO

O senador Rogério Marinho (PL) reafirmou sua pré-candidatura ao Governo do Rio Grande do Norte nas eleições de 2026. Em entrevista à rádio 95 FM de Caicó nesta quarta-feira 12, ele disse que está disposto a assumir o enfrentamento da crise do Estado, mesmo sem ser, nas palavras dele, o nome “mais simpático” da disputa. O parlamentar, porém, declarou que se vê como alguém com “coragem” para adotar medidas duras e impopulares, que, segundo ele, serão necessárias para recuperar as finanças públicas, destravar investimentos e recolocar o RN em rota de desenvolvimento.

O pré-candidato a governador afirmou considerar que a disputa de 2026 exige “muita responsabilidade”, sobretudo pela situação que, na visão dele, o Rio Grande do Norte enfrenta hoje, com problemas em áreas como educação, infraestrutura, saúde, segurança e ambiente de negócios. Ele lembrou que hoje é líder da oposição no Senado e secretário-geral do PL nacional, o que o coloca também na linha de frente da articulação política em outros estados.

O senador resgatou o trabalho de “Rota 22”, projeto em que percorreu municípios potiguares e realizou encontros regionais com aliados e setores da sociedade. Segundo ele, dessas reuniões nasceu uma espécie de plano de governo em construção, pensado para “enfrentar o grave quadro de desgoverno que o Rio Grande do Norte enfrenta” a partir de 2027. Ele afirmou que o objetivo não é apenas apontar problemas, mas apresentar caminhos, com “austeridade”, “parcerias” e “criatividade” para recuperar o Estado.

No momento mais político da entrevista, Rogério tratou de sua própria imagem perante o eleitorado e fez uma espécie de autodefinição como gestor. “Eu tenho a convicção que talvez eu não seja o mais popular, o mais simpático. Mas eu lhe asseguro que eu tenho muita responsabilidade, muita coragem, muita decisão e senso de responsabilidade para fazer o que é certo e tomar as medidas adequadas para restabelecer a governabilidade do Estado do Rio Grande do Norte. Entregar o Estado para os seus legítimos donos, que são a população, que hoje tem um governo de costas para ela”, declarou.

Ao falar sobre o tabuleiro eleitoral de 2026, Rogério Marinho destacou que a pré-candidatura não é um projeto individual, mas parte de um grupo político que reúne hoje parte expressiva da oposição à governadora Fátima Bezerra (PT). Ele contou que mantém diálogo frequente com o ex-prefeito de Natal Álvaro Dias (Republicanos), com o atual prefeito da capital, Paulinho Freire (União), e com o senador Styvenson Valentim (PSDB), entre outras lideranças. Ele não citou o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União), que costura uma candidatura de terceira via.

“Nós temos hoje um grupo fechado. Há uma convicção que desse grupo é que sairá, eu diria, o cerne, o centro das candidaturas majoritárias que serão apresentadas no próximo ano”, afirmou.

Rogério ressaltou a musculatura do PL no Estado, destacando que o partido deve chegar a oito deputados estaduais após a janela partidária, além de três deputados federais, mais de 20 prefeitos e cerca de 200 vereadores. Segundo ele, hoje PL e PT disputam a hegemonia política no Rio Grande do Norte. Na entrevista, ele associou o campo que representa à defesa de temas como família, segurança pública rigorosa, direito de propriedade, parcerias com a iniciativa privada e rejeição a propostas de descriminalização das drogas.

Estado andou para trás na educação e está implodido nas finanças, diz senador

A partir desse cenário, o senador construiu uma crítica dura à gestão da governadora Fátima Bezerra (PT). Ele afirmou que o Estado “andou para trás” em diversas áreas e citou a educação como um dos exemplos mais graves. Rogério lembrou que o RN aparece na última colocação do País em indicadores de ensino básico e acusou o governo de tentar “maquiar” os números. Segundo ele, a adoção de regras que facilitam a aprovação automática de alunos pode até melhorar o índice, mas não garante qualidade. “Nós fomos o último colocado do Brasil no Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico, último”, disse, ao criticar o que vê como falta de foco em proficiência em português, matemática e ciências.

Na área fiscal, Rogério descreveu um Estado “implodido”, sem capacidade de investir com recursos próprios e com dificuldades para firmar convênios com municípios. Ele citou a malha viária estadual, que, segundo ele, tem um percentual ínfimo de trechos recuperados diante da demanda, e hospitais regionais sobrecarregados, o que faz com que boa parte dos casos mais graves acabe chegando a Natal. Na segurança, criticou o modelo em que muitas prefeituras bancam diárias operacionais e até combustível para assegurar a presença de policiais militares nas cidades.

Outro alvo foi o setor ambiental. Rogério acusou o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) de ser um entrave para a instalação de indústrias, resorts e outros empreendimentos, com processos de licenciamento que se arrastariam por anos. Para ele, o órgão deveria ter atuação pedagógica, orientando os projetos, em vez de se transformar em bloqueio para investimentos. Na sua leitura, a combinação de insegurança jurídica e ideologização teria afugentado interessados em investir no Estado.

O senador também procurou estabelecer um contraste entre as obras estruturantes que diz ter viabilizado quando foi ministro do Desenvolvimento Regional, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, e a atuação da atual gestão federal e estadual. Ao longo da entrevista, ele citou o Canal do Apodi, a conclusão da Barragem de Oiticica, a adutora do Agreste, obras ligadas à transposição do São Francisco e a recuperação de barragens como Traíras, afirmando que todas foram planejadas, licitadas e tiveram recursos assegurados na gestão anterior.

Segundo Rogério, “não há nenhuma obra estruturante iniciada pelo governo do presidente Lula” no Rio Grande do Norte. Ele afirma que o que está em execução hoje seria herança do governo anterior.

Projeto para futura gestão

Como proposta para o futuro, Rogério Marinho defendeu um programa de governo baseado em recuperação fiscal, reorganização da máquina pública e retomada de investimentos por meio de parcerias com o setor privado. Ele mencionou a necessidade de dialogar com os demais poderes para que sobras orçamentárias ao fim do ano retornem ao Executivo e sejam direcionadas a áreas como saúde, educação e segurança.

Disse ainda que, em fevereiro ou março do próximo ano, pretende apresentar um projeto detalhado para o Estado, construído a partir das experiências do “Rota 22” e dos debates com a sociedade.

Agora RN

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