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Roberto Serquiz: “O empresariado está com receio do futuro incerto”

FOTO: DIVULGAÇÃO

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Roberto Serquiz, afirmou ao Diário do RN que o empresariado potiguar está apreensivo diante do cenário criado pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, que deve entrar em vigor em agosto, ameaça diretamente setores estratégicos para a economia do Estado, como sal, pesca, petróleo e fruticultura.

“Todos estão receosos. O empresariado potiguar está com receio de um futuro incerto, de muito risco”, declarou Serquiz durante entrevista exclusiva, após coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (10), na Casa da Indústria.

A preocupação é reforçada pelo desempenho recente da balança comercial do Estado. Apenas no primeiro semestre de 2025, o Rio Grande do Norte exportou US$ 67,1 milhões para os Estados Unidos, um crescimento de 123% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Grande parte desse avanço veio da pesca – cujos produtos têm 100% de destino no mercado americano – e do petróleo, que sozinho respondeu por US$ 24 milhões do total exportado.

“Estamos falando de setores fundamentais. A pesca saltou de US$ 2 milhões para US$ 11 milhões de um ano para o outro. O petróleo de US$ 4 milhões para US$ 24 milhões. Isso mostra a ascensão do RN na balança comercial e o quanto temos a perder com essa medida”, alertou.

Serquiz exemplificou o impacto imediato da tarifa com o caso do sal produzido no Rio Grande do Norte, principal exportador do país. O produto, utilizado especialmente para o derretimento da neve em solo americano, pode deixar de ser competitivo frente a concorrentes internacionais.

“Hoje, saem de um a dois navios por mês, com cerca de 40 mil toneladas cada. A expectativa para 2025 era bater 1 milhão de toneladas exportadas, mas com os EUA aplicando 50% de taxa, enquanto os demais competidores pagam 10%, a concorrência fica completamente desigual”, explicou.

A fruticultura também deve sofrer. A nova safra, que começa em agosto, coincide com o início da taxação e pode ter a comercialização impactada já no embarque.

Origem política da crise

Apesar de evitar apontar culpados, Roberto Serquiz reconhece que a origem da medida imposta pelos Estados Unidos é política e parte da polarização ideológica no país. A carta enviada por Trump ao presidente Lula, que cita o ex-presidente Jair Bolsonaro, é vista pelo setor como mais um capítulo da instabilidade política que compromete diretamente a economia.

“A decisão foi política, não foi comercial. Mas não vou entrar nesse debate. Não quero falar de Bolsonaro ou Lula. Isso não leva a lugar nenhum. O que pedimos é que a questão seja tratada com equilíbrio e diálogo técnico, não com polarização”, ponderou.

O presidente da Fiern reforçou que é necessário que o governo federal atue diplomaticamente para reverter a taxação antes de agosto. Ele defende uma condução “racional e técnica”, com base em acordos internacionais já firmados.

Durante coletiva com a imprensa, Serquiz resumiu que a medida pode afetar não apenas a competitividade, mas a arrecadação, o emprego e a estabilidade econômica do Estado.

“Estamos falando do que sustenta o RN do ponto de vista da arrecadação. O petróleo hoje representa 45% do nosso PIB. Um aumento de 2% no dólar já pode provocar alta na inflação e ameaça de desemprego”, pontuou.

De acordo com ele, o prazo para início da taxação para agosto permite tempo para que haja diálogo e “a economia do Rio Grande do Norte não seja penalizada por decisões que fogem ao campo técnico”.

Diário do RN

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