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RN vai superar 4 mil mortes por covid em março e precisa de restrições, diz LAIS

ATÉ A QUINTA-FEIRA (11), O ESTADO SOMAVA 3.829 MORTES POR COVID-19. FOTO: ILUSTRAÇÃO

Um ano após o começo da pandemia, o Rio Grande do Norte vive “um platô elevado” de casos confirmados e se aproxima do colapso do sistema de saúde. No último dia 11, foram feitos, em média, 5 novos pedidos de internação pela Covid-19 por hora no Estado, que já não dispõe mais de leitos suficientes para atender à população. Até a manhã desta sexta-feira (12), o número de pacientes que aguardavam um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Estado era quase dez vezes maior do que a quantidade de leitos disponíveis. Das 26 unidades hospitalares com leitos Covid, 20 estavam completamente lotadas, e três estavam com ocupação acima de 90%. Para cientistas, o Estado vive uma situação em que “não há espaço para flexibilizações”. Com mais de 700 óbitos ainda em investigação, os pesquisadores afirmam que o Rio Grande do Norte deve superar a marca dos 4 mil mortos pela doença ainda no mês de março. Até a quinta-feira (11), o estado somava 3.829 mortes por covid-19.

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) ligados ao Departamento de Infectologia e ao Laboratório de Inovação e Tecnologia em Saúde (LAIS) fizeram uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira para discutir os dados que representam a atual situação do Estado.

De acordo com o coordenador do Laboratório, Ricardo Valentim, a elevada taxa de ocupação de leitos é preocupante. “As medidas mais rigorosas são fundamentais para que a gente consiga alcançar uma meta: a redução na taxa de ocupação de leitos”, disse o pesquisador. Segundo ele, o Estado se aproxima do limite de ativação de novos leitos, que demandam recursos financeiros e humanos que já se encontram próximos ao esgotamento.

Atualmente, o aumento da pandemia está sendo puxado pela Região Metropolitana de Natal, que sozinha acumula 52% dos óbitos por Covid-19 no Estado. É nela que se encontram as 94 pessoas na fila de regulação à espera da disponibilidade de um leito de UTI. Por se tratar da zona mais populosa e com fluxo mais intenso de pessoas no RN, é ela que dita o ritmo da pandemia também no resto do Estado, de acordo com os pesquisadores.

A situação se agravou principalmente nas semanas próximas ao carnaval, quando imagens de aglomerações em locais como a praia de Pipa viralizaram nas redes sociais. “A taxa de transmissibilidade estava abaixo de 1 antes do carnaval. Depois, houve um aumento de mais de 43% nessa taxa, e ela se manteve elevada assim por mais de 10 dias. O aumento de óbitos é fruto do relaxamento desse período”, disse Valentim. Em municípios como Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante, a taxa de transmissibilidade supera a média geral do Estado.

Depois do carnaval, os pesquisadores observaram um aumento de 77% nas solicitações por internações em leitos Covid. Enquanto no primeiro pico da doença o RN atingiu a marca das 188 solicitações diárias por leitos, atualmente o Estado apresenta números como 143 e 140 pedidos por dia. “Parece que estamos em um platô com um número muito alto de internações, maior do que a média do ano passado”, disse o pesquisador. A situação, no entanto, é ainda mais grave do que no ano anterior: de acordo com o pesquisador do LAIS e biomédico Leonardo Lima, a situação do RN não pode ser dissociada do cenário nacional, no qual a maior parte das capitais também se aproximam de uma situação de colapso do sistema de saúde. “Não temos para onde enviar esses pacientes, porque temos 22 capitais colapsadas. Não se trata apenas de um colapso do sistema de saúde, mas sim de um colapso da sociedade. Quanto mais demorado for para reduzirmos essa situação de ocupação de leitos, mais demorado vai ser para a economia se recuperar”, destacou Leonardo.

A infectologista membro do Departamento de Infectologia da UFRN, Mônica Bay, ressalta que o lento ritmo de imunização implica que todos devem manter os cuidados. “Apenas 17% dos vacinados do Estado já receberam a segunda dose, e a imunização efetiva só acontece 14 dias após essa segunda dose”, destaca a infectologista. Segundo ela, mesmo a população que já contraiu a doença não deve abandonar as medidas como distanciamento social e uso de máscaras, pois ainda podem ser transmissores do vírus. “Quem já teve Covid não está liberado para aglomerar ou ficar andando sem máscara. A proteção natural gerada pelo Coronavírus é de curta duração, portanto, eles tanto podem ser reinfectados como podem transmitir a doença”, completa.

Com informações da Tribuna do Norte/ Mariana Ceci – Repórter

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